O Caso Battisti trouxe à tona a questão do terrorismo praticado por grupos de extrema esquerda nos anos 1970 na Europa, particularmente na Itália. Para não adotar posições simplistas e maniqueístas – como a grande mídia adora fazer – é preciso contextualizar o terrorismo historicamente – não para justificar o injustificável, mas para compreender as circunstâncias que moldaram aquela época trágica.
Em 1990 veio à tona na Itália a existência da Operação Gládio, que a CIA e o MI-6 britânico montaram no início da Guerra Fria em vários países da Europa. Tratava-se de uma rede paramilitar anticomunista e clandestina criada para atuar como uma força de retaguarda (stay behind) contra uma hipotética invasão soviética. A rede envolvia serviços de inteligência, grupos neofascistas e muitos ex-nazistas e era vinculada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Seu lema era Silendo Libertatem Servo ("Em silêncio, preservo a liberdade"). Na Itália, a Gládio desenvolveu a chamada “estratégia de tensão” destinada a barrar a ascensão do Partido Comunista Italiano (PCI, o maior do Ocidente), e incluía tentativas de golpes de Estado e atos terroristas, como os que foram praticados na Piazza Fontana (1969), Peteano (1972) e na estação de trens de Bolonha (1980).
Em 1990 veio à tona na Itália a existência da Operação Gládio, que a CIA e o MI-6 britânico montaram no início da Guerra Fria em vários países da Europa. Tratava-se de uma rede paramilitar anticomunista e clandestina criada para atuar como uma força de retaguarda (stay behind) contra uma hipotética invasão soviética. A rede envolvia serviços de inteligência, grupos neofascistas e muitos ex-nazistas e era vinculada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Seu lema era Silendo Libertatem Servo ("Em silêncio, preservo a liberdade"). Na Itália, a Gládio desenvolveu a chamada “estratégia de tensão” destinada a barrar a ascensão do Partido Comunista Italiano (PCI, o maior do Ocidente), e incluía tentativas de golpes de Estado e atos terroristas, como os que foram praticados na Piazza Fontana (1969), Peteano (1972) e na estação de trens de Bolonha (1980).
Esta última ação deixou 85 mortos e teve entre seus organizadores Lício Gelli, ex-fascista e grão-mestre da loja maçônica P-2 (Propagande Due), envolvida no escândalo do Banco Ambrosiano (do Vaticano) e em outras ações mafiosas e clandestinas, inclusive na Operação Condor no Cone Sul. “O governo italiano liberou em 2000 um relatório de 300 páginas sobre as ações da Operação Gládio na Itália que documentava conexões com os Estados Unidos. [O relatório] revelou que os EUA eram responsáveis por inspirar uma ‘estratégia de tensão’. Ao examinar por que aqueles que cometiam [atentados com] bombas raramente eram presos, o relatório afirma: ‘aqueles massacres, aquelas bombas, aquelas ações militares foram organizadas ou promovidas ou apoiadas por homens de dentro das instituições do Estado italiano e, como se descobriu, por homens ligados às estruturas de inteligência dos EUA’”, escreveu o historiador canadense Andrew G. Marshall (Operation Gladio: CIA Network of 'Stay Behind' Secret Armies).
Lício Gelli, chefe da P-2 |
Corpo de Aldo Moro, maio de 1978 |
Mario Moretti: agente duplo? |
O assassinato de Aldo Moro também levanta suspeitas sobre a Gládio. Junto com o líder comunista Enrico Berlinguer, o democrata-cristão Moro foi o principal arquiteto do “compromisso histórico”, a proposta de um governo reformista da DC que teria apoio do PCI, o que desagradava tanto os americanos quanto os conservadores de seu próprio partido. Durante os 55 dias em que esteve seqüestrado, Moro escreveu cartas aos dirigentes democratas-cristãos nas quais dizia temer que uma organização secreta, com “outros serviços secretos do Ocidente... pudesse estar implicada na desestabilização do nosso país”. Nos interrogatórios, Moro se referiu às “atividades anti-guerrilha da Otan” – coisa que, curiosamente, não foi usado pelas Brigadas – o que aumenta as suspeitas sobre o papel de Mario Moretti.
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