
No fundo, quando Descartes dizia: 'Vencermo-nos antes a nós do que ao mundo', queria significar a mesma coisa: agir sem esperança. [...] contarei sempre com os companheiros de luta na medida em que esses companheiros estão empenhados comigo numa luta concreta e comum, na unidade de um partido ou de um grupo que eu posso controlar mais ou menos, quer dizer, ao qual pertenço como militante do qual conheço em cada instante os movimentos. Mas, então, confiar na unidade e na vontade desse partido é exatamente o mesmo que confiar que o bonde chega à hora ou que o trem não descarrila. Mas eu não posso contar com homens que não conheço, apoiando-me na bondade humana e no interesse do homem pelo bem da sociedade, sendo aceite que o homem é livre e que não há nenhuma natureza humana em que eu possa me basear. [...] Na realidade, as coisas serão tais como os homens tiver decidido que elas sejam. Quer dizer isso que eu deva abandonar-me ao quietismo? Não. Antes de mais, devo ligar-me por um compromisso e agir depois segundo a velha fórmula 'para se atuar dispensa-se a esperança'. Não quer isto dizer que eu não deva pertencer a um partido, mas que não terei ilusões e que farei o que puder."
Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é um Humanismo
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