"Devemos nos guardar contra a influência do complexo militar-industrial. O potencial para o desastroso crescimento de um poder incontrolado existe e persiste. Não devemos nunca deixar o peso dessa combinação ameaçar nossas liberdades ou o processo democrático. E não devemos tomar nada como garantido"
O presidente americano Dwight Eisenhower em 1961 |
No seu discurso de despedida em 17 de janeiro de 1961, o presidente americano Dwight Eisenhower alertou que a “fusão” dos interesses das Forças Armadas e das grandes corporações – que ele chamou de “complexo militar-industrial” – era uma grave ameaça à democracia. A advertência não vinha de um pacifista babão ou romântico: “Ike” era general do Exército e havia sido comandante-em-chefe das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial. Por isso mesmo, ele sabia das conseqüências de uma nova guerra – embora nos oito anos em que passou na Casa Branca (1953-1961) a corrida armamentista só tenha crescido. Em 1952, quando Ike foi eleito, os EUA tinham 1000 ogivas nucleares; em 1961, quando ele passou a tocha para John Kennedy, elas já eram 24 mil – uma prova que o missile gap (déficit de mísseis) americano em relação à União Soviética era uma balela para justificar gastos com a Defesa. O orçamento do Pentágono no governo Eisenhower chegou a 50% dos gastos federais (10% do PIB). Talvez por isso, cinqüenta anos depois a profecia de Eisenhower tornou-se auto-realizável: o orçamento do Pentágono mais que dobrou nos últimos dez anos, atingindo a cifra fabulosa de US$ 700 bilhões/ano e os EUA estão envolvidos em duas guerras (Iraque e Afeganistão). Pior: como na Guerra Fria e na Guerra do Vietnã, as exigências de “segurança nacional” são o pretexto para a violação de direitos humanos. Antes eram o financiamento e/ou a execução de golpes de Estado em países do Terceiro mundo e os bombardeios a civis no Camboja e no Vietnã. Hoje, são as torturas de Abhu Grabi, as prisões de Guantánamo e as ações ilegais contra cidadãos americanos e estrangeiros em nome da "guerra contra o terror".
“Os americanos não tinham intenção de escolher entre canhões e manteiga: eles queriam ambos. O keynesianismo militar – a crença de que a produção de armas poderia subscrever um interminável fornecimento de manteiga – vivia seu apogeu”, escreveu a revista The Atlantic, da Universidade de Columbia. O próprio governo Eisenhower deu ênfase a essa visão, segundo a qual grandes investimentos na defesa funcionariam como um programa de estímulo permanente à economia, como mostrava a experiência da Segunda Guerra Mundial. E, de fato, na década de 1950 se construíam bombardeiros e escolas, frotas de barcos de guerra e casas que se espalhavam pelos subúrbios americanos.
As agências de inteligência americanas |
Um F-18 Hornet sobrevoa o porta-aviões USS Nimitz |
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Crise econômica implodiu o chamado "keynesianismo militar" |
“Além disso, o keynesianismo militar revelou-se um fracasso. Em contraste com os anos 1950, a extravagância militar está esgotando em vez de aumentar a riqueza da nação. Na era Eisenhower, os Estados Unidos, uma nação credora, produzia domesticamente os bens essenciais que definiam o american way of life – tudo desde carros a televisores. Hoje, nós importamos muito mais do que exportamos, com uma dívida crescente como resultado. Nos anos 1950 nós tínhamos mais paz; hoje nós estamos frequentemente em guerra.”
“Graças aos seus aliados e cúmplices, o complexo militar-industrial-legislativo de guerra continua teimosamente resistente à mudança – um fato o presidente Barack Obama se aprendeu durante seu primeiro ano no cargo. Ao analisar a política de seu governo no Afeganistão, o presidente pediu várias vezes uma série de alternativas políticas. Ele queria opções. De acordo com Bob Woodward, do Washington Post, no entanto, o Pentágono ofereceu a Obama um único caminho – o aumento de tropas pedido por McChrystal. Como relatado no livro de Woodward, Obama’s War, o presidente queixou-se: “Então, qual é a minha opção? Você me deu apenas uma opção?”
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http://www.youtube.com/watch?v=8y06NSBBRtY
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