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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ALEA JACTA EST! (A SORTE ESTÁ LANÇADA!)

Julius Caesar, general ditador romano 

No dia 10 de janeiro de 49 a.C. o general Caio Júlio César, ligado ao "partido" da plebe, atravessava o rio Rubicão para enfrentar as tropas do general Pompeu, um dos líderes dos optimates (aristocratas). César venceria as tropas e se tornaria ditador perpétuo, com o apoio do Exército e do povo, até ser assassinado por uma conspiração de optimates. Cometeu massacres, mas derrubou o poder da aristocracia e era estimado pela plebe. Criou as bases políticas do Império Romano. Até hoje, os historiadores discutem se César foi um líder político hábil ou um oportunista que a "astúcia da História" (como definia Hegel)transformou em seu instrumento.
Narrações de dois historiadores romanos, Suetônio, simpático a César, e Plutarco, hostil, sobre a travessia do Rubicão:

"Ao ser levada ao conhecimento de César a notícia de que o direito de intercessão dos tribunos havia sido derrogado e que estes se haviam retirado da cidade, sem demora, mas secretamente, fez marchar na vanguarda algumas coortes e, para despistar, assistiu a um espetáculo público, examinou o plano de construção de uma escola para gladiadores e, segundo seu hábito, entregou-se aos prazeres de um suntuosíssimo festim. A seguir, depois do por do sol, mandou atrelar a um carro animais tomados ao moinho mais próximo e arremessou-se, acompanhado apenas de uma pequena escolta, e pela estrada mais erma. Extinta a chama dos archotes, perdeu-se e, por longo espaço de tempo, vagou sem rumo. Alta manhã, apareceu-lhe um guia: caminhou a pé por veredas estreitíssimas e, nas ribas do Rubicão, que traça a fronteira da Gália Cisalpina do resto da Itália, reuniu-se às suas coortes. Aí quedou-se por alguns instantes e, ao computar a magnitude de seus planos, voltou-se para os que acompanhavam, falando-lhes: 'Hoje, ainda podemos recusar. Mas, se passarmos aquela pequena ponte, cabe à sorte das armas decidir o resto'.
 
Suetônio

 Vacilava ainda, quando se lhe deparou a seguinte visão: um homem de corpo e beleza singulares apareceu ali por perto, subitamente, a tocar avena. Além dos pastores, numerosos soldados dos postos mais vizinhos acorreram para ouvi-lo, entre os quais alguns corneteiros. Ao vê-los, o jovem músico arrancou o clarim de um deles e, de um pulo, atirou-se no rio. Fazendo-o soar com um vigor extraordinário, dirigiu-se para a margem oposta. César disse, então: 'Vamos para onde nos chamam os prodígios dos deuses e a iniquidade dos nossos inimigos. Alea jacta est! (a sorte está lançada!).

E assim seu exército transpôs o rio. Recebeu os tribunos do povo que, expulsos de Roma, viera até onde ele se encontrava, e, à fente das tropas em formatura, chorando e dilacerando as veste no peito, apelou para a fidelidade de seus soldados."
Suetônio, As vidas dos Doze Césares

Plutarco
"Tinha em mira todos os males que a passagem do rio lançaria sobre a humanidade e todos os possíveis julgamentos que a posteridade faria a respeito do incidente. Finalmente, cedendo a um impulso, como se renunciasse à reflexão para atirar-se no futuro, pronunciou essas palavras que são o prelúdio costumeiro das empresas difíceis e arriscadas: 'Que a sorte seja lançada!', e avançou para cruzar o rio. Marchando a toda velocidade, antes do nascer do dia chegou a Aríminio, que ocupou. Conta-se que, na noite que aconteceu a passagem do rio, teve um sonho contrário à natureza, no qual mantinha com a mãe relações inconfessáveis."
Plutarco, Vidas Paralelas

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