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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DESEJOS E TEMORES QUE FAZEM AS CIDADES

- É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado por ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra-cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades, como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor de seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam um outra coisa.

 - Eu não tenho desejos nem medos - declarou o Khan -, e meus sonhos são compostos pela mente ou pelo acaso.

Italo Calvino
-  As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

- Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.

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O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o quê, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.   
Italo CalvinoAs Cidades Invisíveis

2 comentários:

  1. Eu realmente gosto desse livro,cidades quase todas com nomes de mulheres, invisíveis pq estão antes de tudo dentro de nós

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  2. Eu adoro o Calvino, especialmente este livro
    bjs

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