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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

TEORIAS CONSPIRATÓRIAS?

O Nióbio é um metal estratégico, usado na indústria aeroespacial – produção de motores de aviões, equipamentos de foguetes e mísseis – e na indústria nuclear. Suas características de elasticidade e flexibilidade lhe permitem inúmeras aplicações, como aços inoxidáveis e ligas de metais não-ferrosos, destinados a fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anti-corrosivo, resistente aos ácidos mais agressivos.

Os relatórios mais recentes do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) mostram que o Brasil é dono de 97,9% das reservas mundiais de Nióbio. Cerca de 90% da produção está concentrada em Araxá (MG),e 9% em Catalão (GO). Há reservas na Amazônia, inclusive na Raposa Terra do Sol - onde cerca de 19 mil índios vivem numa reserva de 1,7 milhão de hectares. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), do grupo Moreira Salles, é o grande explorador do Nióbio em Araxá.

Mineração de Nióbio em Araxá, MG, onde estão 75% das reservas mundiais
Segundo documentos das embaixadas americanas, tornados públicos pelo Wikileaks em 2010, as reservas de Araxá são estratégicas para os EUA - afinal, quase 18% das exportações de ferro-nióbio da CBMM têm como destino a América do Norte. De acordo com as revelações do WikiLeaks, em 2009 o Departamento de Estado americano enviou telegrama às representações diplomáticas do país indicando centenas de instalações, empresas e locais no Brasil considerados “sensíveis” à segurança e à economia dos EUA, entre elas as minas de Nióbio de Araxá e Catalão.

O Brasil é o único fornecedor de 45 países, dos quais os maiores importadores são os EUA, o Canadá, Alemanha, Rússia, Japão, Holanda, França, Taiwan, Venezuela, Suécia, México, Colômbia, Coréia do Sul, Arábia Saudita, África do Sul e Luxemburgo. A indústria ótica japonesa compra muito óxido de Nióbio como matéria-prima usada na confecção de óculos.

O Nióbio é tão indipensável à moderna economia mundial quanto o petróleo. No entanto, o país perde cerca de US$ 14 bilhões por ano vendendo esse minério por um preço que, na mesma proporção, seria como se a Opep vendesse a US$ 1 o barril de petróleo. E, enquanto o petróleo provém de várias fontes, e o Nióbio só existe no Brasil.

Mas mesmo sendo quase o único produtor e exportador mundial de Nióbio, o Brasil não fixa o preço do minério; este é fixado pelos compradores, via a London Metal Exchange. É como se os países da OPEP aceitassem que o preço do barril fosse fixado pela Nymex.


Já foi pior, contudo. Em 1997, FHC tentou vender a jazida de Nióbio de São Gabriel da Cachoeira (AM) por R$ 600 mil, sendo que ela - suficiente para abastecer todo o consumo mundial de Nióbio por cerca de 1.400 anos - foi avaliada pela CPRM em US$ 1 trilhão. A ação foi impedida por um grupo de militares nacionalistas, especialmente o almirante Roberto Gama e Silva.

E, no entanto, não damos quase nenhuma importância a isso.
Porque diabos essas informações raramente saem na grande mídia?

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