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domingo, 14 de novembro de 2010

NA ÁSIA, AS MULHERES CONSOLIDAM DINASTIAS POLÍTICAS

A libertação da Aung San Suu Kyi, a líder da oposição birmanesa e Nobel da Paz de  
Aung San Suu Kyi diante do retrato do seu pai
1991, é uma tentativa da ditadura dos generais daquele país de aplacar a pressão internacional depois da gigantesca fraude das recentes eleições. Ela se consagrou líder em 1988, em meio a violentas manifestações contra o governo militar instalado em 1962 nas quais morreram dez mil pessoas. Suu Kyi galvanizou as massas e, inspirada nas ideias de Mahatma Gandhi, proferiu o famoso discurso em que disse que "não é o poder que corrompe, mas o medo. O medo de perder o poder corrompe aqueles que o exercem e o medo do flagelo do poder corrompe aqueles que a ele se submetem". As manifestações foram violentamente reprimidas e cerca de dez mil pessoas morreram. Os militares concordaram em realizar eleições para 1990 e ela fundou a Liga Nacional pela Democracia (LND), mas foi colocada sob prisão domiciliar e impedida de concorrer. A LND venceu as eleições mas não levou, porque os militares, que haviam dado um golpe dentro do golpe, não entregaram o poder. Desde então, Suu Kyi passou a maior parte do tempo na prisão ou em prisão domiciliar. Antes do Nobel, ela recebeu o Prêmio Sakharov de Direitos Humanos, em 1990.
Filha do heroi da inependência da Birmânia, o general Aung San - assassinado em 1947 - Suu Kyi confirma a tradição de vários países asiáticos nos quais as mulheres garantiram a continuidade de dinastias políticas depois que os fundadores destas, seus pais ou maridos, foram mortos, a maioria assassinada.

Bandaranaike em 1960
Sirimavo Bandaranaike (1916-2000), do Sri Lanka (antigo Ceilão), foi a primeira mulher a assumir a chefia de governo no mundo moderno. Seu marido, Solomon Bandaranaike, foi primeiro-ministro do Ceilão até ser assassinado por um fanático budista em 1959. Madame Bandaranaike serviu como primeira-ministra por três períodos (1960-65; 1970-77 e 1994-2000). Sua filha, Chandrika Kumaratunga, foi presidente do Sri Lanka entre 1994 e 2005.



Indira Gandhi (1917-1984), única filha de Jawaharlal Nehru, líder da independência da Índia, ela, que não tinha nenhum parentesco com Mahatma Gandhi, tornou-se primeira-ministra entre 1966 e 1977 e entre 1980 e 1984. Realizou amplas reformas, como a nacionalização dos bancos, conseguiu a autossuficiência alimentar da Índia em cereais e iniciou o programa nuclear do país. Para evitar uma ação da Justiça, decretou o estado de emergência e governou dois anos sob regime de exceção. Sua ação repressiva contra a minoria sikh provocou revolta e levou ao seu assassinato, perpetrado por um radical sikh em 1984. Foi sucedida pelo filho, Rajiv, que em 1991 também seria assassinado.


Corazón Aquino (1933-1999), mulher do líder de oposição filipino Benigno Aquino, assassinado pela ditadura em 1983 ao desembarcar no aeroporto quando voltava do exílio. "Cory" assumiu o lugar do marido como líder da oposição e seria eleita presidente das Filipinas num processo que levou à queda do ditador Ferdinand Marcos, em 1986. Sofreu nada menos que sete tentativas de golpe até o término de seu mandato, em 1993. Seu filho, Benigno Aquino Jr., é o atual presidente das Filipinas.

Benazir Bhutto (1953-2007) era filha de Zulfikar Ali Bhutto, presidente do Paquistão (1971-1973) e primeiro-ministro (1973-1977) até ser deposto e executado por ordem do general Zia Ul-Aq. Líder do Partido do Povo Paquistanês, ela foi presa várias vezes pela regime e teve que se exilar em Londres. Com a morte do ditador Zia Ul-Aq, em 1988, o PPP ganhou as eleições e Benazir se tornou a primeira mulher a chefiar um governo num país islâmico. Foi primeira-ministra duas vezes (1988 e 1990 e 1993 a 1996). Nos dois mandatos, foi acusada de corrupção e afastada. Ela também morreu num atentado em 2007, reivindicado pela Al-Qaeda.


Megawati Sukarnoputri - Filha do ex-presidente Sukarno, pai da independência da Indonésia deposto pelo golpe do general Suharto em 1965, ela se envolveu em política depois dos 40 anos, tornando-se líder da oposição à ditadura. Com a renúncia de Suharto, em 1998, seu partido ganhou as primeiras eleições livres mas Megawati só conseguiu ser empossada em 2001. Apesar de ter realizado um governo medíocre, presidiu a cerimônia de independência do Timor Leste, que ficara 27 ocupado pela Indonésia.    

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