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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

JÁ FOI TARDE

O perfil de alguns ministros da Justiça da ditadura militar é uma clara demonstração de como o movimento subversivo vitorioso em 1º. de abril de 1964 e o regime implantado posteriormente foi obra de civis e militares. Armando Falcão, morto na quinta-feira 11 aos 90 anos (os canalhas também envelhecem, dizia Rachel de Queirós), era um dos representantes civis da linha-dura no governo Ernesto Geisel. Ele foi o artífice da Lei Falcão, que limitou drasticamente o acesso de políticos da oposição ao rádio e à TV depois da derrota do regime nas eleições parciais de 1974. Suas declarações sobre a "infiltração comunista" no MDB foram a senha para a violenta repressão que se abateu entre 1975/76 sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que jamais aderiu à luta armada contra o regime de 1964. Entre as vítimas dessa razzia estão Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho. Depois, em 1977, Falcão participaria da elaboração do Pacote de Abril para frear o avanço eleitoral da oposição. Antes de Falcão, o sinistro Alfredo Buzaid, ex-integralista, tinha sido ministro da "Justiça" de um governo (Emilío Garrastazu Médici) que institucionalizara a tortura e o assassinato político. E o antecessor de Buzaid, Gama e Silva, além de emprestar seu saber saber jurídico para redigir o famigerado AI-5, elaborou uma lista com professores da USP que deveriam ser cassados e aposentados compulsoriamente, como Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni, Paul Singer, Isaías Raw e Mário Schenberg. Roland Freisler, chefe do Volksgerichtshof (Tribunal Popular do III Reich), responsável por milhares de sentenças de morte e conhecido por humilhar os condenados, teria se orgulhado de todos eles.

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