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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CQD (COMO QUERÍAMOS DEMONSTRAR)

Desde a época do general-presidente Ernesto Geisel, que restabeleceu a disciplina e a hierarquia militar nos quartéis ao demitir dois generais - Ednardo D'Ávila Melo, do comando do II Exército em 1976, e Sylvio Frota, do Ministério do Exército em 1977 - um governo, militar ou civil, não tinha tido a coragem de peitar oficiais indisciplinados. João Figueiredo, sucessor de Geisel, se borrou todo quando o establishment militar defendeu a frustrada tentativa de terrorismo no Riocentro em 1981. E os governos democráticos depois de 1985 quase sempre capitularam às manifestações da"fúria das legiões". A única exceção, justiça seja feita, foi em 1999, quando FHC afastou o brigadeiro Walter Brauer do comando da Aeronáutica por ele ter insinuado que o então ministro da Defesa, Élcio Álvares, era corrupto. Até Lula preferiu aceitar a saída de seu ministro da Defesa, José Viegas, em 2004, a contrariar o Exército, que soltara uma nota sem sua autorização defendendo as práticas repressivas durante a ditadura. Agora, o ministro Nelson Jobim demitiu o general-de-exército (quatro estrelas) Maynard Marques de Santa Rosa do cargo de Departamento de Pessoal do Exército por ele ter criticado, em carta na internet, o III Programa Nacional de Direitos Humanos. Algumas postagens atrás, eu havia dito que este governo, depois do lançamento do Plano Nacional de Defesa, da opção estratégica pela França e da proposta reestruturação das Forças Armadas, havia mudado a relação entre civis e militares. A demissão do general indisciplinado foi a confirmação disso. Dez anos depois de sua criação, o Ministério da Defesa mostrou a que veio. Como disse Lula, comandante-em-chefe das Forças Armadas, o afastamento do general mostra que esse tipo de comportamento não será mais aceito. Esperemos, agora, que o governo siga em frente com a instauração da Comissão de Verdade para esclarecer os crimes da ditadura. Ela deve ser exorcizada para lavar a honra das Forças Armadas. Já passou da hora de virarmos essa página nefanda da nossa História.

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