Uma questão de fundamental importância passou quase despercebida em meio ao alarido da grande imprensa em torno da preferência de Lula pelo caça francês Dassault Rafale F3: consolidou-se a subordinação das Forças Armadas ao poder civil. Quando um presidente e seu ministro da Defesa contrariam um parecer técnico de uma força - no caso, a Aeronáutica, que supostamente preferia o caça sueco Gripen NG - fica claro que a decisão final é do governo, que é soberano, não dos militares. E este governo, eleito democraticamente, decidiu que a parceria estratégica com a França é melhor para o Brasil. Ponto final. Aos militares só cabe bater continência, segundo os preceitos da hierarquia e disciplina.
A escolha do Rafale, aliás, foi apenas um sintoma da mudança das relações entre o poder civil e os militares. Depois de elaborar a Estratégia Nacional de Defesa (END), que define o novo papel das Forças Armadas e promove a indústria bélica nacional, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para reforçar a subordinação dos militares ao poder constituído. Entre outras coisas, o projeto cria um Estado-Maior Conjunto, a ser chefiado por um oficial-general de quatro estrelas, que integrará os objetivos das chamadas "forças singulares" (Exército, Marinha, Aeronáutica), e dá ao Ministério da Defesa o poder de elaborar o orçamento dessas forças. Também as promoções de oficiais serão determinadas pelo ministério. Blogs de direita e a gerontocraria de pijama do Clube Militar já estrilaram; para eles, as Forças Armadas teriam "autonomia constitucional para garantir a soberania nacional', na definição inqualificável de um desses blogueiros. O fato é que, dez anos depois da criação do Ministério da Defesa, finalmente os militares começam a ser enquadrados. Agora, falta fazê-los aceitar decisões sobre investigações ou punições de violações de direitos humanos durante a ditadura...
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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