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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A GUERRA FRIA ACABOU... MAS ESQUECERAM DE AVISAR OS ECOLOGISTAS...

O presidente americano, Barack Obama, obteve um empréstimo de US$ 8,3 bilhões para a construção da primeira usina nuclear nos EUA em quase três décadas. "Para satisfazer nossas crescentes necessidades energéticas e evitar as piores consequências das mudanças climáticas, precisaremos aumentar nossa oferta de energia nuclear. É simples assim", disse Obama. A decisão é um passo importante para acabar com o tabu, alimentado por grande parte dos ecologistas, de que a energia nuclear é intrinsecamente perigosa - senão "má" - e que, por isso, deve ser banida. Essa postura, defendida até hoje com fervor messiânico por ongs como o Greenpeace, fez estragos na Alemanha, onde, por pressão dos verdes, foi decretado em 2002 o abandono gradual da energia atômica. Agora, os alemães estão à mercê do gás e do petróleo russos e com dificuldade em controlar as emissões de gases de efeito estufa...

Esse "negacionismo" é prisioneiro da lógica da Guerra Fria, segundo a qual a energia nuclear gera necessariamente uma sociedade centralizada e autoritária, com objetivos militaristas, sendo portanto uma ameaça permanente à paz. É um temor que tem suas origens nos anos 80, quando soviéticos e americanos instalaram mísseis nucelares de médio alcance (SS-20, Cruise e Pershing II) na Europa, provocando o sentimento de pânico face a uma possível hecatombe nuclear (sensação muito bem captada pelo filme The Day After http://www.youtube.com/watch?v=7VG2aJyIFrA). Houve ainda os desastres com usinas nucleares em Three Mile Island (EUA, 1979) e Chernobyl (URSS, 1986), o que gerou controvérsia sobre a segurança dessas plantas. Também aqui, Hollywood fez a festa com o filme Síndrome da China, de1979 (http://www.youtube.com/watch?v=5FxtBJ59Jm8). Todo esse clima de pavor nuclear na época levou os verdes à radicalização. Herdeiros do romantismo político, eles dirigiam suas críticas não apenas ao capitalismo, mas contra todo o arcabouço técnico da "sociedade industrial" - o que incluía o chamado "socialismo real". Eram a esquerda da esquerda. Desde então, os mísseis foram desativados e os muros caíram. Mas esse pessoal parou no tempo, como os imortais do conto homônimo de Jorge Luis Borges.

Hoje a energia atômica é utilizada por 31 países com 444 usinas termonucleares, que geram 390 mil megawatts (17% da energia elétrica do mundo, 31% da Europa e 77% da França). Em mais de cinquenta anos de atividades, houve apenas dois desastres graves - os já citados Three Mile Island e Chernobyl - e destes, só o segundo com vítimas. Hoje, sabe-se o quanto Chernobyl era uma usina ultrapassada, além de ter sido construída sem os rígidos padrões de segurança da indústria nuclear. E ninguém pode negar que a energia nuclear é limpa, renovável e não provoca emissões de gases de efeito estufa. E que o lixo atômico, outra justificativa para se descartar a energia nuclear, é rigidamente monitorado e também não provoca poluição. Constatações como essas abalaram convicções de alguns (poucos) ecologistas históricos, como James Lovelock, que tiveram a coragem de mudar de posição, passando a defender o uso pacífico da energia nuclear para combater o aquecimento global. É a astúcia (ou ironia) da História...

Mas os "fundamentalistas ecológicos" continuam a entoar o mantra antinuclear - quando não antimoderno. A senadora Marina Silva (PV-AM), por exemplo, vocaliza uma oposição quase religiosa ao nuclear e, por vezes, à sociedade industrial. Por motivos diferentes, Marina e o Greenpeace fazem o jogo das grandes potências que não querem que países como o Brasil utilizem energia nuclear, mesmo para fins pacíficos.

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