Eles não se emendam...
Antes, Folha, Estadão, Veja, Globo et caterva diziam que o Brasil estava se intrometendo nos assuntos internos de Honduras ao defender, de maneira intransigente, a volta do presidente deposto, Ernesto Zelaya, ao poder. Apostaram no "governo interino", convocaram juristas para justificar o golpe à luz da Constituição hondurenha, demonizaram Zelaya - o que, convenhamos, não é tarefa tão difícil - e chegaram a dizer o Brasil só estava fazendo trapalhadas ao abrigá-lo na embaixada em Tegucigalpa. Fico imaginando se esgrimiriam os mesmos argumentos se um líder da oposição venezuelana tivesse buscado refúgio na embaixada brasileira em Caracas...
Agora que o impasse foi resolvido e os golpistas tiveram que enfiar a viola no saco, a mesma turma vem dizer que foram os EUA que resolveram tudo, que o Brasil não tem liderança regional, que saímos diminuídos dessa crise. O fato de o próprio chanceler Celso Amorim ter dito que a crise só chegaria a bom termo quando Washington saísse do muro passou em brancas nuvens. Mas cabe perguntar: o que aconteceria se o Brasil tivesse ficado numa posição passiva, sem se mobilizar efetivamente contra o golpe? Os EUA teriam descido do muro?
É inútil argumentar, contudo: a direita paulista hidrófoba tem urticária à diplomacia de Lula, que nos livrou da Alca, nos colocou no G-20 e nos projetou em todos os fóruns internacionais. Ela gostava mesmo era dos tempos de FHC e Lampreia, quando embaixadores fugiam de crises (como o do Peru, em 1997, no sequestro-monstro de diplomatas por terroristas na embaixada do Japão) ou chanceleres "punhos de renda" que achavam normal tirar o sapato para entrar nos EUA ou fazer só o que o mestre mandou.
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