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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UMA NOVA BIPOLARIDADE


O sólido mundo bipolar soviético-americano erigido no pós-guerra desmanchou-se no ar em 1989, quando a União Soviética recusou-se a intervir para manter o bloco socialista sob sua órbita, renunciando ao condomínio do poder mundial que exerceu com os Estados Unidos desde 1945. Com o colapso final do comunismo, em 1991, abriu-se uma era dominada por uma única superpotência, os EUA, cujo apogeu foram os anos Clinton. A administração Bush, apesar do discurso triunfalista, revelou que Tio Sam era um gigante sobre pés de barro, tanto do ponto de vista militar e geopolítico (impasse no Iraque, Oriente Médio e Afeganistão) quanto do econômico (o gigantesco déficit fiscal e comercial e a crise financeira de 2008).

Durante certo tempo, imaginou-se que o enfraquecimento da liderança americana abriria espaço para o tão sonhado multilateralismo, fortalecendo-se, por exemplo, o G-20 (países industrializados mais os emergentes). Ledo engano. A visita do presidente Barack Obama à China revelou uma realidade que se desenhava há algum tempo: a emergência de uma nova bipolaridade, agora entre Washington e Pequim. A novidade é que, desta vez, ela não se assenta sobre um equilíbrio militar, mas econômico; por isso, os elementos de confluência entre Washington e Pequim são maiores do que os que existiam entre Washington e Moscou. Apesar de combalido, o poderio dos EUA permance incontrastável e a retomada de seu crescimento econômico é vital para a China - e para o resto do planeta. Mas a China é a economia que mais cresce no mundo; além disso, tem uma quantidade de títulos americanos que faz de Pequim o principal fiador do déficit dos EUA. E a manutenção da moeda chinesa desvalorizada torna a China comercialmente imbatível.

Como disse Jon Huntsman, embaixador americano na China, "Só há realmente dois países no mundo que podem, juntos, resolver certos assuntos, seja energia limpa, mudança climática, segurança regional, Irã, Coréia do Norte, Afeganistão e Paquistão, chegando até à economia global". Nada mal para um país que, 60 anos atrás, era humilhado pelas potências ocidentais. Nas palavras do estrategista chinês Sun Tzu (544aC-496aC), "dominar o inimigo sem combater é o máximo da habilidade".

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