O governador José Serra voltou a demonstrar seu pendor para o autoritarismo ao nomear para a reitoria da USP o segundo colocado da lista tríplice nas eleições da instituição. Embora faça parte do jogo, é a primeira vez que isso acontece desde 1981, quando, em plena ditadura, o então governador Paulo Maluf escolheu o quarto da lista. O reitor nomeado por Serra, João Grandino Rodas, foi aquele que fechou as portas da Faculdade de Direito de São Francisco para impedir uma manifestação estudantil em apoio à greve dos funcionários da USP. Ele tem o apoio do tucanato paulista e é ligado à organização católica ultraconservadora Opus Dei - aquela do Código da Vinci.
Antes, Serra já havia espicaçado a comunidade universitária ao tentar criar uma secretaria especial para o ensino superior que, entre outras coisas, seria responsável por liberar verbas para as universidades públicas, num claro atentado à autonomia universitária. Esse fato desencadeou o protesto dos estudantes da USP em 2008 e a ocupação da reitoria. Em junho último, o governador - que foi presidente da UNE em 1963-1964 - mandou a tropa de choque da PM ao campus da USP para reprimir manifestação de funcionários em greve que tinha apoio dos estudantes. Sem entrar no mérito da justeza das reivindicações ou dos métodos do protesto, causa espécie ver um ex-perseguido político recorrer à força policial para manter a ordem num campus universitário. Imagine o escândalo que a mídia faria se o Lula fizesse o mesmo...
Originário da esquerda católica, Serra viveu exilado entre 1964 e 1977. Mas desde que despontou para a cena política nacional, nos anos 1980, ele vem revelando um pantagruélico apetite pelo poder - fato detectado na época por Tancredo Neves. Como senador, Serra se valia da amizade com os donos dos jornalões para pedir cabeças de jornalistas desafetos. No poder, mostrou-se não apenas centralizador - uma questão de estilo -, mas um político prepotente, arrogante e rancoroso. Baixa leis feito um Simão Bacamarte (personagem de O Alienista, de Machado de Assis), como a Lei antifumo; não recebe adversários, não dialoga, não negocia - vejam-se as greves de funcionários da USP e da Secretaria de Segurança. É o dono da verdade.
Originário da esquerda católica, Serra viveu exilado entre 1964 e 1977. Mas desde que despontou para a cena política nacional, nos anos 1980, ele vem revelando um pantagruélico apetite pelo poder - fato detectado na época por Tancredo Neves. Como senador, Serra se valia da amizade com os donos dos jornalões para pedir cabeças de jornalistas desafetos. No poder, mostrou-se não apenas centralizador - uma questão de estilo -, mas um político prepotente, arrogante e rancoroso. Baixa leis feito um Simão Bacamarte (personagem de O Alienista, de Machado de Assis), como a Lei antifumo; não recebe adversários, não dialoga, não negocia - vejam-se as greves de funcionários da USP e da Secretaria de Segurança. É o dono da verdade.
Serra tem idéias econômicas não-ortodoxas e poderia, em tese, ser um bom presidente da República. Herdeiro do pensamento cepalino, ele sempre bateu cabeça com a "ekipekonomica" de FHC, Malan e Gustavo Franco. No Ministério da Saúde, venceu uma queda de braço com grandes laboratórios farmacêuticos no caso dos remédios antiaids e dos genéricos. No governo paulista, contudo, Serra abandonou o receituário keynesiano e implementou a agenda privatista clássica do tucanato. O buraco do metrô, em 2007, e o acidente no Rodoaneal, agora, foram resultados desta opção.
O denominador comum dessas posturas é a onipotência. O sujeito tem complexo de Luís XIV (L'etat c'est moi, "o estado sou eu"). Como diria a Regina Duarte: "eu tenho medo".
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