Daniel Ellsberg em 1971 |
(Há inclusive um filme recente, The Most Dangerous Man in America)
Os artigos começaram a ser publicados no Times em 13 de junho de 1971 e provocaram profundo mal-estar no governo federal. Quando o presidente Richard Nixon conseguiu um mandado de segurança que obrigava o jornal a cessar as publicações dos documentos, Ellsberg enviou cópias deles para o Washington Post, que também começou a publicá-los. O caso foi parar na Suprema Corte, que em 30 de junho decidiu, por 6 a 3, que os mandados concedidos para impedir as publicações eram inconstitucionais. Foi uma vitória decisiva da Primeira Emenda da Constituição americana – que garante a liberdade de expressão e proíbe a censura no país.
Há um dado interessante, revelado tempos atrás, quando Ellsberg deu uma entrevista à revista britânica The Economist. A decisão da Suprema Corte diz respeito tanto à liberdade de imprensa - a liberdade de determinados órgãos de veicular informações que consideram relevantes - quanto à liberdade de expressão em sentido amplo, ou seja, do direito inalienável que os cidadãos têm de serem informados sobre as atividades do Estado, independentemente da conveniência da mídia em publicá-los.
"The Economist – Qual o papel da mídia no processo de vazamento? Ouvi uma frase na qual você declarava que se estivesse divulgando os Papéis do Pentágono hoje em dia, você não os daria à imprensa, e simplesmente os colocaria na internet.
Daniel Ellsberg – Acho que fui mal-interpretado nessa frase. O que eu disse foi que minha primeira opção ainda seria a imprensa. Na verdade seria a imprensa, e não o Congresso, onde perdi cerca de um ano e meio tentando audiências. È claro que se a imprensa demorasse ou recusasse os documentos, eu iria ao WikiLeaks. Mas essa não seria minha primeira opção, mesmo nos dias de hoje.
Ellsberg hoje |
Por exemplo, o New York Times tinha uma matéria sobre o uso de escuta não-autorizada da Agência de Segurança Nacional antes das eleições de 2004. Eles a seguraram por cerca de um ano. Acho que as fontes foram negligentes, dada a importância do assunto, em não usar a tecnologia e divulgar as informações. Se eu estivesse nessa posição, teria comprado um scanner e colocado eu mesmo as informações na internet. Na verdade, estive nessa posição na época dos Papéis do Pentágono, mas não havia internet (..). A maneira como tudo terminou foi ótima, mas nos dias atuais, se o Times me dissesse que não usaria as informações, eu as disponibilizaria na internet."
É preciso lembrar que mesmo o New York Times, hoje considerado baluarte da liberdade da expressão, nem sempre foi fiel ao público leitor. Em 1961, por exemplo, o jornal deixou de publicar informações sobre a invasão da Baía dos Porcos por um contigente anticastrista treinado pela CIA para não prejudicar a "segurança nacional". E mais recentemente, na era George W. Bush, o jornal embarcou na campanha da Casa Branca sobre as armas de destruição em massa do Iraque para justificar a invasão do país.
É preciso lembrar que mesmo o New York Times, hoje considerado baluarte da liberdade da expressão, nem sempre foi fiel ao público leitor. Em 1961, por exemplo, o jornal deixou de publicar informações sobre a invasão da Baía dos Porcos por um contigente anticastrista treinado pela CIA para não prejudicar a "segurança nacional". E mais recentemente, na era George W. Bush, o jornal embarcou na campanha da Casa Branca sobre as armas de destruição em massa do Iraque para justificar a invasão do país.
Tony Judt |
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