Powered By Blogger

segunda-feira, 28 de março de 2011

"A TERRA É AZUL E EU NÃO VI DEUS"

Wernher von Braun e seus patrões nazistas
Nos anos 1960, a corrida espacial entre americanos e soviéticos pegava fogo. Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, EUA e URSS tinham capturado os engenheiros que trabalhavam no projeto de foguetes V-2, que atormentaram a Inglaterra no final do conflito. O mais famoso deles, Wernher von Braun, que desenvolveu as V-2, participou ativamente do programa de mísseis balísticos dos EUA e depois tornou-se pai do projeto espacial americano. Ele liderou do Projeto Saturno, que depois levaria as naves Apollo para a Lua. Na URSS, o responsável pelo programa espacial foi o coronel Andrei Korolev, antigo prisioneiro de Stálin no Gulag, que estudou as V-2 e chefiou o projeto Vostok.



Sputnik I - os soviéticos chegam na frente
Os soviéticos saíram na frente e surpreenderam o mundo: em 4 de outubro de 1957, foi lançado em órbita da terra o primeiro satélite artificial, o Sputnik-1, uma esfera de 58,5 cm e 83,6 quilos que transmitia sinais de rádio (“bips”) para a Terra. O satélite funcionou durante 22 dias, quando acabou sua bateria. Um mês depois, em 4 de novembro, o Sputnik-2 enviava o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika, que acabou morrendo poucas horas depois do lançamento devido ao superaquecimento da cabine. Os EUA só lançariam seu primeiro satélite, o Explorer 1, em 31 de janeiro de 1958; em junho foi criada a NASA, agência aeroespacial americana. A URSS ainda lançaria a Luna 1, primeiro satélite a orbitar o Sol, em janeiro de 1959; em setembro, o Luna 2, primeira sonda a alcançar a Lua.

Gagárin: "A Terra é azul e eu não vi Deus"
Mas foi em 12 de abril de 1961, há 50 anos, que os soviéticos realmente assombraram o mundo, quando lançaram o primeiro homem ao espaço. A bordo da nave Vostok 1, lançada do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, o cosmonauta Yuri Gagárin, 27 anos, major da Força Aérea soviética, completou uma volta à órbita da Terra em 1h48min. A primeira frase que Gagárin proferiu ao ver o globo terrestre foi: “A Terra é azul”. Essa constatação algo romântica da grandeza do Universo granjeou simpatias ao cosmonauta soviético no Ocidente – afinal, ele “parecia” humano, embora viesse do “país vermelho” – era o auge da guerra fria. Talvez por isso poucos tenham dado importância à frase seguinte de Gagárin, mais condizente com o credo marxista: “Olhei para os lados, mas não vi Deus”. Gagárin morreria num acidente quando pilotava um MiG-15, em 1968.


Kennedy inspeciona cápsula da Geminui
A conquista do espaço pelos soviéticos levou o presidente americano John Fitzgerald Kennedy a prometer que os americanos chegariam à Lua até o final da década de 1960: “We choose to go to the moon. We choose to go to the moon in this decade and do the other things, not because they are easy, but because they are hard” (“Nós decidimos ir à Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis”). Êta irlandês topetudo! Enfim, os americanos começaram a correr atrás do prejuízo e, já em maio de 1961, a Mercury Freedom 7 lançava o primeiro americano ao espaço, Alan Shepard. Em junho de 1963, os soviéticos deram outro passo à frente, lançando a Vostok 6, que levou ao espaço a primeira mulher, Valentina Tereshkova. Em fevereiro de 1966, a soviética Luna 9 tornou-se a primeira nave não-tripulada à chegar à Lua.

Apolo 11, a conquista 
Os EUA finalmente venceram a corrida espacial em 20 de julho de 1969, quando o primeiro homem pisou na Lua: o astronauta americano Neil Armstrong, a bordo da Apollo 11, fincou a bandeira de Tio Sam no solo lunar. Uma conquista que ecoava Iwo Jima, lembram-se? Em compensação, como gostavam de filosofar esses astronautas do século XX: “um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”, disse Armstrong. Será que eles tinham assessores de imprensa? A Lua, de qualquer modo, nunca mais seria a mesma.





Le voyage dans la Lune, Georges Méliès (1902)





Lunik 9 (Gilberto Gil), por Elis Regina

Nenhum comentário:

Postar um comentário