Há exatos 140 anos, em março de 1871, nascia a Comuna de Paris, primeira experiência de um governo revolucionário dos trabalhadores da História. A comuna foi fruto direto da pusilanimidade da burguesia francesa na defesa do país frente às tropas prussianas durante a Guerra Franco-Prussiana. O imperador francês Napoleão III havia iniciado a guerra para impedir o processo de unificação alemã liderado pelo chanceler prussiano Otto von Bismarck. Em setembro de 1870, as tropas francesas foram fragorosamente derrotadas em Sedan. O imperador francês foi feito prisioneiro pelos prussianos, que exigiram pesadas indenizações, bem como a cessão da região mineradora da Alsácia-Lorena e uma marcha triunfal pelos Champs-Elysées.
O imperador Napoleão III |
Adolphe Thiers |
Monumentos que representam a velha ordem vêm abaixo |
Influenciada pelas idéias socialistas e anarquistas, a Comuna de Paris tomou uma série de medidas no sentido de criar uma república democrática e igualitária. A "Declaração ao Povo Francês" pedia liberdade de consciência, direito de envolvimento permanente dos cidadãos em questões comunais, o dever dos funcionários públicos e magistrados de prestar contas, a substituição da polícia e do Exército pela Guarda Nacional, redução da jornada de trabalho, abolição do trabalho noturno, concessão de pensão a viúvas e órfãos, substituição dos ministérios por comissões eletivas e a separação entre a Igreja e o Estado. Com essas medidas, os communards reinventavam a democracia direta.
Enquanto a revolução entusiasmava Paris, Thiers negociava com a Prússia, em Versalhes, uma aliança para derrotar o governo da Comuna. Em troca de concessões da França, Bismarck libertou prisioneiros de guerra franceses para que pudessem ajudar no cerco à cidade. Assim, em 21 de maio de 1871, mais de 120 mil soldados atacaram Paris. Seguiu-se a semaine sanglante, quando milhares de communards foram massacrados pelas forças do governo. "As armas que são carregadas pela culatra não matavam mais com a rapidez necessária; os vencidos eram fuzilados pelo fogo mitrailleuse", escreveu Friedrich Engels. A Comuna foi esmagada e entre 60 mil e 80 mil communards morreram. "O Muro dos Féderés do cemitério Père Lachaise, onde foi consumado o assassinato em massa final, ainda está de pé até hoje, um testemunho mudo, mas eloquente, da loucura que a classe dominante é capaz assim que a classe operária ousa se levantar para lutar por seus direitos", escreveram Marx e Engels.
Communards fuzilados em Paris |
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