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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

UM REFORMISTA REVOLUCIONÁRIO


Olof Palme (1927-1986)
Hoje completam-se 25 anos do assassinato do líder social-democrata sueco Olof Palme. Ele foi alvejado por um atirador solitário quando saía com sua mulher, Lisbet, de um cinema em Estocolmo. Não tinha guarda-costas e foi socorrido por transeuntes. Até hoje a autoria e os motivos do crime são um mistério. Na falta de evidências, sobraram teorias conspiratórias; Palme teria sido assassinado: a) pelo Mossad; b) pela CIA; c) pelos serviços secretos sul-africanos; d) pelo grupo de extrema esquerda alemão Bader-Meinhof; e)pela guerrilha curda; f) por um ex-agente da Dina (polícia política de Pinochet); g) pelo serviço secreto iugoslavo; h) por um pistoleiro isolado; i) etc. etc.  

Olof Palme e Yasser Arafat: o Mossad certamente não gostava dele
Motivos para ele ser morto por qualquer uma dessas entidades, de fato, não faltavam. Como primeiro-ministro da Suécia (1969-1976 e 1982-1986) Palme foi descrito como "reformista revolucionário". Sua política externa independente irritou particularmente os Estados Unidos: ele foi um crítico feroz do envolvimento norte-americano no Vietnã e da corrida armamentista (mas também havia criticado duramente o esmagamento da Primavera de Praga em 1968 pelos soviéticos). Apoiou politica e financeiramente o Congresso Nacional Africano (CNA, considerado "terrorista" pelo regime do apartheid), a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), a guerrilha esquerdista salvadorenha - que lutava contra um governo apoiado por Washington - e o governo sandinista da Nicarágua. Também se tornou um inimigo figadal da ditadura chilena do general Pinochet. Mas o que teria irritado particularmente os norte-americanos foi a denúncia que Palme fez do contrabando de armas patrocinado por Washington para fins escusos, que resultaria no chamado escândalo Irã-Contras: a operação comandanda pelo coronel Oliver North de compra ilegal de armas do regime dos aiatolás para revendê-las à guerrilha dos "contras" nicaraguenses, financiada pelos EUA. 

Internamente, Olof Palme foi um social-democrata de velha cepa. Implementou leis que aumentaram a garantia de emprego, dificultando as possibilidades de os empresários despedirem seus empregados - uma heresia para os atuais idólatras do mercado, especialmente social-democratas. Palme também liderou grandes reformas constitucionais, abolindo o Senado, acabando com o que restava dos poderes constitucionais da monarquia e com a exigência de linhagem masculina para a sucessão real. 

O socialista francês Léon Blum
Uma "vingança" póstuma de seus inimigos surgiu há alguns anos, quando um ex-agente da CIA afirmou que Palme teria ajudado a agência americana no tempo em que era líder estudantil, nos anos 1950. A denúncia nunca foi comprovada, mas mesmo que seja verdadeira, a ação anti-imperialista que Palme desenvolveu quando se tornou um político importante e chegou ao poder neutralizou qualquer eventual açodamento juvenil. Recém formado, Palme de fato viveu alguns anos nos Estados Unidos; posteriormente ele diria que aquela experiência na América - o contato com o racismo e as desigualdades na "terra de oportunidades" - fez dele um socialista. Seu legado político radical o coloca na linhagem de autênticos socialistas como Jean Jaurès, Léon Blum, Enrico Berlinguer e Willy Brandt,do mesmo modo como causa constrangimento a neoliberais travestidos de social-democratas como Felipe González, Tony Blair, Massimo D'Alema e Lionel Jospin.  

 

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