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Protestos em Madison, Wisconsin |
A Assembleia Legislativa de Wisconsin aprovou uma lei que proíbe negociações coletivas entre servidores públicos e o estado. Segundo os termos da nova legislação, os trabalhadores sindicalizados terão que votar ano a ano se autorizam o sindicato de seu setor a representá-los, enfraquecendo as centrais. A lei também proíbe debitar taxas sindicais diretamente do salário dos funcionários, o que poderá quebrar muitas entidades que têm nas taxas a principal forma de sobrevivência. O objetivo da medida, defendida pelos ultraconservadores do Tea Party, seria reduzir o déficit fiscal do estado. Na verdade, ela golpeia o poder dos sindicatos, como disse o presidente Barack Obama.
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Paul Krugman |
Na avaliação do Nobel de Economia Paul Krugman, colunista do jornal The New York Times, a proposta do governador Scott Walker representa um “sério ataque contra direitos democráticos conquistados nos últimos 50 anos”. Para ele, “o que está acontecendo no Wisconsin é o fim do processo democrático. Em princípio, qualquer cidadão americano é igual aos demais. Na prática, claro, alguns são mais iguais que outros. Bilionários podem colocar em campo seus exércitos de lobistas; eles podem financiar políticos que os defendem [...]. No papel, nós somos uma nação 'um homem-um voto'; na realidade, o sistema é uma oligarquia em que um punhado de ricos dominam. Dada essa realidade, é importante ter instituições que possam agir como contrapesos ao poder do grande capital. E os sindicatos estão entre as mais importantes dessas instituições. Você não precisa amar os sindicatos, nem precisa acreditar que as posições políticas deles estão sempre corretas para reconhecer que eles são um dos poucos atores influentes do nosso sistema político, e que representam os interesses da classe trabalhadora e da classe média americana em oposição aos da riqueza. De fato, se os Estados Unidos se tornaram mais oligárquicos e menos democráticos nos últimos 30 anos isso se deve, em grande medida, ao declínio do poder dos sindicatos”, conclui o economista.
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Robert S. La Follette |
A ironia é que o Wisconsin foi o estado americano pioneiro em direitos trabalhistas. Durante o governo de Robert S. La Follette (1901-1906), foram implantadas leis criando o salário mínimo e compensações por desemprego. Representante da ala progressista do Partido Republicano, La Follette fundou um clã liberal - no sentido americano - que liderou a política do Estado durante décadas. Como senador, fez várias leis contra as grandes corporações. Seu filho, Philip La Follette, também foi governador (entre 1931 a 1933 e 1935 a 1939) de Wisconsin, sendo o responsável pela implementação de várias leis keynesianas do New Deal no Estado.
Os bárbaros já se instalaram. O império está à deriva?
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