O termo "cristianizar" surgiu depois da eleição presidencial de 1950 para designar a traição de um partido político a seu candidato a um cargo majoritário. Referia-se a Cristiano Machado, candidato oficial à Presidência da República pelo PSD (Partido Social Democrático), cujos líderes, por baixo do pano, apoiaram Getúlio Vargas, do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). No final, Getúlio ficou com 48,7% dos votos; o brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN (União Democrática Nacional), 29,7%, e Cristiano Machado teve meros 21,5%.
O fenômeno repetiu-se muitas vezes no cenário político brasileiro. A última delas ocorreu nas eleições municipais de 2008 em São Paulo, quando o PSDB "cristianizou" seu candidato, Geraldo Alckmin, em favor de Gilberto Kassab, do DEM, aliado do então governador José Serra. Agora, com a má fase da campanha presidencial demo-tucana, há sinais de que o PMDB de São Paulo está "cristianizando" José Serra, o candidato da coalizão regional PSDB-DEM-PMDB. Vários diretórios regionais do partido resolveram apoiar a chapa Dilma-Michel Temer. Temer, aliás, além de ser presidente nacional do PMDB, é de São Paulo. Se a tendência se confirmar, a "cristianização" rachará a coalizão, mas pode reunificar o PMDB.
É muito cedo para saber se o fenômeno de 1950 vai se repetir, e em que nível, mas fica o registro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário