A Academia sueca acertou em cheio na premiação deste ano do Prêmio Nobel da Paz: três mulheres, todas africanas e ligadas à luta pacífica pela ampliação dos direitos humanos. São elas a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a ativista Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman. Segundo o comitê do Nobel, elas se destacaram por suas "lutas não-violentas pela segurança das mulheres e pelos direitos das mulheres de participar do trabalho de construção da paz". Como em muitas outras premiações, a deste ano sinaliza o apoio da Academia a algumas causas; no caso, o resgate de países devastados por guerras civis e o apoio à Primavera Árabe.
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Ellen Johnson-Sirleaf, presidente da Libéria |
Economista formada nos EUA, a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, foi a primeira mulher a se tornar chefe de Estado na África, em janeiro de 2006. Ela conquistou apoio principalmente entre as mulheres liberianas e a diminuta elite educada da Libéria, país acossado por violentas guerras civis, mutilações de jovens e crianças e miséria. Nascida em 1938, Ellen passou pela ONU e pelo Banco Mundial e foi ministra das Finanças do governo do presidente William Tolbert, nos anos 1970. No poder, ela adotou programas de educação para mulheres e criou um tribunal para casos de estupro, crime muito freqüente no país.
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A ativista liberiana Leymah Gbowee |
A também liberiana Leymah Gbowee esteve no centro de um movimento que levou ao fim da guerra civil na Libéria, em 2003, e à eleição de Ellen Johnson Sirleaf. Leymah percebeu que havia tensões entre cristãos e muçulmanos, e trabalhou com mulheres das duas religiões para construir consensos. Como uma Lisístrata moderna e africana, Leymah incentivou as mulheres a fazer "greves de sexo" para conquistar direitos com seus parceiros. Trabalhando com ex-crianças que lutaram como soldados nas milícias de Charles Taylor, senhor da guerra e depois presidente liberiano, ela concluiu que qualquer mudança dentro da sociedade teria de partir das mães. A mobilização foi importante para pressionar o regime de Charles Taylor a negociar a paz com rebeldes, nos esforços subsequentes de desmilitarização do país e na própria eleição de Ellen Johnson Sirleaf. Leymah foi a coordenadora da Comissão da Verdade e Reconciliação da Libéria.
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A jornalista iemenita Tawakkul Karman |
A jornalista iemenista Tawakkul Karman é uma liderança importante do maior partido de oposição, Al-Islah, e diretora da organização Women Journalists Without Chain ("Mulheres Jornalistas sem Correntes"), fundada por ela em 2005. Em uma sociedade altamente marcada pelo domínio masculino, Tawakkul lidera desde 2007 manifestações pacíficas pedindo maior poder para as mulheres e mais atenção aos direitos humanos. Ela teve participação destacada na luta pelos direitos femininos no Iêmen durante a chamada Primavera Árabe.
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