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terça-feira, 14 de setembro de 2010

A REVOLUÇÃO QUE A OLIGARQUIA PAULISTA NÃO ESQUECE...E NÃO PERDOA

Getúlio Vargas e os revolucionários de 1930

A Revolução de 1930, que completa 80 anos em 3 de outubro, foi na verdade um golpe militar contra a República Velha dominada pelas oligarquias cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais. Foi a última rebelião do tenentismo, movimento da baixa oficialidade do Exército brasileiro que se insurgiu contra o domínio oligárquico-latifundiário com as revoltas em 1922 (18 do Forte de Copacabana) e 1924 (Revolução de São Paulo, que desembocou na formação da Coluna Miguel Costa-Luís Carlos Prestes, ou simplesmente Coluna Prestes). Há quem diga, no entanto, que a "intentona comunista" de 1935 foi a última rebelião tenentista...

Getúlio Vargas
 Por não ter sido uma revolução popular, 1930 não trouxe de imediato uma mudança radical nas relações de produção, nem deslocou abruptamente a hegemonia política da oligarquia agrário-exportadora para a burguesia  industrial. Se a primeira estava em decadência, ainda tinha força, enquanto que o poder econômico dos industriais era incipiente, apesar de crescente. Já as classes médias e o operariado não tinham autonomia política em relação às classes dominantes. Essas características levaram à formação de um "Estado de Compromisso", segundo a definição de Bóris Fausto, entre setores da oligarquia e da burguesia industrial. Nestas condições, o Estado ganhou uma autonomia relativa em relação às classes dominantes e pôde levar a cabo uma "revolução pelo alto" que criou as condições para a constituição de uma economia industrial sem a burguesia industrial como "sujeito histórico" dessa transformação.       

A nova ordem obteve o apoio dos trabalhadores ao definir direitos trabalhistas como férias, 13º, horas extras e direito de sindicalização e de greve na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O universo dos eleitores foi ampliado com a legalização do voto feminino. Parte dessas conquistas democráticas foram suprimidas durante o Estado Novo (1937-1945), mas as bases da industrialização estavam lançadas. 

Embora não tenham sido totalmente excluídos do novo bloco de poder, os barões do café jamais aceitaram inteiramente a nova ordem. A "Revolução Constitucionalista" de 1932 em São Paulo foi a tentativa da oligarquia agrário-exportadora de restabelecer o status quo pré-Revolução de 1930. A derrota militar da plutocracia paulista, no entanto, não redundou numa derrota política, pois Vargas se reconciliou com ela e concedeu-lhe parte do poder. Mas a elite quatrocentona bandeirante jamais esqueceria e jamais perdoaria, como a dinastia Bourbon na França...

A "vanguarda do atraso" paulistana tem saudades da sociedade patriarcal onde eles davam as cartas e a questão social era "caso de polícia". Isso explica o ódio aos "marmiteiros" e aos torneiros mecânicos.   

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