José Mindlin (1914-2010) não foi apenas o maior bibliófilo do Brasil; foi um empresário representante do que antigamente se chamava “burguesia nacional” e um dos únicos da plutocracia paulista – o outro foi Antônio Ermírio de Moraes – que se recusou a colaborar com a caixinha montada por Henning Boilesen para financiar a repressão através da Operação Bandeirante, embrião do famigerado DOI-CODI. A convite do governador Paulo Egydio Martins, Mindlin aceitou ocupar o cargo de secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia por acreditar que havia chances reais de uma abertura política além da distensão proclamada pela dupla Geisel-Golbery. Em 1975 ele nomeou o jornalista Vladimir Herzog para dirigir a TV Cultura, que inovou totalmente o noticiário, atraindo a atenção da sicários da direita militar, como o jornalista Cláudio Marques, que escrevia artigos raivosos contra a “TV-Viet Cultura” (referência aos guerrilheiros vietcongues que lutavam contra os americanos no Vietnã). Mindlin resistiu às pressões dos militares para demitir Vlado e só não deixou o cargo logo depois de seu assassinato nas dependências do II Exército porque o governador o convenceu que isso fortaleceria a linha-dura militar.
De Mindlin também é uma frase lapidar – e definitiva – sobre Paulo Coelho, a mais inacreditável unanimidade nacional: “não encontro explicação para o fenômeno Paulo Coelho. Eu considero que ele está para a literatura como o bispo Macedo está para a religião”
De Mindlin também é uma frase lapidar – e definitiva – sobre Paulo Coelho, a mais inacreditável unanimidade nacional: “não encontro explicação para o fenômeno Paulo Coelho. Eu considero que ele está para a literatura como o bispo Macedo está para a religião”
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