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sexta-feira, 22 de julho de 2011

E QUANDO O INFERNO NÃO SÃO OS OUTROS?

Vítimas do atentado terrorista em Oslo
Várias explosões e um franco-atirador abalaram hoje a pacata capital da Noruega, Oslo, fazendo 93 vítimas fatais. As bombas atingiram edifícios do governo no centro, entre eles o prédio onde trabalha o primeiro-ministro Jean Stoltenberg, que não foi atingido. Sete pessoas morreram e 15 ficaram feridas nesse atentado. Pouco depois das explosões, um homem vestido de policial abriu fogo num acampamento de verão da ilha de Utoya repleto de jovens militantes do Partido Trabalhista (no poder). Segundo a polícia, 87 pessoas morreram. O responsável pelos dois atentados foi Anders Breivik, 32, um norueguês de extrema-direita e fundamentalista cristão.  

Desta vez, o extremismo islâmico não teve nada a ver com os atentados - o que causou certo incômodo para explicar tanta violência. Aliás, num manifesto divulgado pela internet Breivik vitupera contra a "islamização da Europa" e descreve os muçulmanos como "animais selvagens", classificando como "traidores" os políticos que permitem a entrada de muçulmanos na Noruega como parte das medidas para o "multiculturalismo".

É interessante notar que, neste caso, embora seja conhecida a motivação política do crime, procura-se desculpas para o fato de o perpetrador do massacre ser branco de olhos azuis, norueguês e de ter chachinado seus próprios compatriotas. O crime seria um ato de "loucura" de um desajustado. Nem tanto. Freud explica: "o eremita rejeita o mundo e não quer saber de tratar com ele. Pode-se, porém, fazer mais do que isso: pode-se tentar recriar o mundo, construir em seu lugar um outro mundo, no qual os seus aspectos mais insuportáveis sejam eliminados e substituídos por outros mais adequados a nossos próprios desejos" (O Mal-estar da civilização).          

Atentado terrorista ao King David, perpetrado pelo Irgun em 1946 
Curiosamente, num dia como hoje, 22 de julho de 1946, um atentado a bomba atingiu o King David Hotel em Jerusalém, e também matou 91 pessoas (28 britânicos, 41 árabes, 17 judeus e cinco de outras nacionalidades) e provocando ferimentos graves em outras 45 pessoas. Daquela vez também os responsáveis não foram terroristas árabes, mas a organização terrorista judaica Irgun Zvai Leumi (Organização Militar Nacional), liderada por um tal de Menachem Begin, que acabaria primeiro-ministro de Israel. A Palestina então estava sob mandato britânico, um status semicolonial.

Numa prova que o discurso antiterrorista das autoridades de Israel é enviesado, o próprio Begin, quando primeiro-ministro, se orgulhava de seu passado de terrorista. E mais recentemente, em julho de 2006, Benjamin Netanyahu, atual premiê, e outros políticos da direita, participaram de um evento comemorativo ao 60º aniversário do atentado ao King David. Foi colocada uma placa comemorativa no local em homenagem ao Irgun. O episódio gerou descontentamento por parte do Reino Unido, cujo embaixador em Israel lamentou o fato das autoridades israelenses terem autorizado a colocação da placa para homenagear um ato terrorista. Imaginem os palestinos fazendo algo semelhante... 

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