A morte do presidente da Polônia, Lech Kaczynski, num acidente aéreo, causou comoção no país e no mundo. Ele morreu quando ia à Rússia para prestar homenagem aos milhares de militares poloneses massacrados pelo Exército soviético nas florestas de Katyn em 1940. A tragédia fez com que a maioria dos obituários se esquecessem de que Kaczynski liderava um governo extremamente nacionalista e reacionário. Ele, seu irmão gêmeo e ex-primeiro ministro Jaroslaw Kaczynski, encarnavam, junto com o ex-presidente Lech Walesa, os piores demônios da Polônia. Seu governo tentava restaurar a pena de morte no país – proibido aos integrantes da União Européia, da qual a Polônia faz parte –, além de alimentar, junto ao setor mais retrógrado da Igreja Católica polonesa, uma campanha contra as feministas, os homossexuais, os estrangeiros e os judeus. Kaczynski promoveu uma “caça às bruxas” na Polônia, com uma lei infame, a “lei da lustração”, com a qual vários de seus antigos companheiros do Solidariedade mais à esquerda, como o historiador Bronislaw Geremek, foram perseguidos e difamados. Kaczynski foi uma espécie de Le Pen eslavo. Agora, vários líderes mundiais prestam homenagem ao “grande estadista”.
Quarenta anos atrás, os funerais do presidente iugoslavo Josip Broz Tito também atraíram a nata dos dirigentes mundiais a Belgrado, capital da então Iugoslávia. Vieram líderes dos dois lados da Guerra Fria, como o dirigente soviético Leonid Brejnev, a primeira-ministra conservadora do Reino Unido, Margaret Thatcher, o líder palestino Yasser Arafat e o chanceler alemão Helmut Schmidt, entre outros. Mas Tito, ao contrário de Kaczynsky, apesar de ditador, foi o líder da resistência comunista contra a ocupação nazista do país, rompeu com Stálin em 1948 sem aderir ao bloco ocidental e manteve a Iugoslávia unida, criando uma fórmula de convivência entre sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos e bósnios. A traição ao seu legado pelos líderes nacionalistas sérvios e croatas mergulharia a Iugoslávia na mais sangrenta guerra civil na Europa depois da II Guerra e esfacelaria o país. Hoje, Tito permanece no limbo da História.
Quarenta anos atrás, os funerais do presidente iugoslavo Josip Broz Tito também atraíram a nata dos dirigentes mundiais a Belgrado, capital da então Iugoslávia. Vieram líderes dos dois lados da Guerra Fria, como o dirigente soviético Leonid Brejnev, a primeira-ministra conservadora do Reino Unido, Margaret Thatcher, o líder palestino Yasser Arafat e o chanceler alemão Helmut Schmidt, entre outros. Mas Tito, ao contrário de Kaczynsky, apesar de ditador, foi o líder da resistência comunista contra a ocupação nazista do país, rompeu com Stálin em 1948 sem aderir ao bloco ocidental e manteve a Iugoslávia unida, criando uma fórmula de convivência entre sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos e bósnios. A traição ao seu legado pelos líderes nacionalistas sérvios e croatas mergulharia a Iugoslávia na mais sangrenta guerra civil na Europa depois da II Guerra e esfacelaria o país. Hoje, Tito permanece no limbo da História.
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