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quarta-feira, 27 de março de 2013

CÁMPORA, O BREVE



Héctor Cámpora toma posse como presidente em 1973
Continuo meu trabalho de resgate de personagens históricos esquecidos ou mais ou menos esquecidos. Hoje é a vez de Héctor Cámpora que, há exatos 40 anos, foi eleito presidente da Argentina, tendo governado por menos de dois meses. Cámpora se candidatou por uma frente peronista, a Frente Justicialista de Libertação (FreJuLi) porque a ditadura do general Alejandro Augustín Lanusse proibira o general Juan Domingo Perón, exilado na Espanha desde 1955, de concorrer à Casa Rosada.
Perón preparava sua volta triunfal. O slogan da campanha era: “Cámpora no governo; Perón no poder”. Perón o escolhera por sua lealdade, a qual vários companheiros ridicularizavam. Na época circulava em Buenos Aires uma piada; Perón se dirige a Cámpora: “Que horas são?”, pergunta. “A hora que o senhor quiser, meu general”, responde Cámpora.    
Tudo correu bem até que Cámpora vestiu a faixa presidencial, em 25 de maio de 1973. Os problemas com Perón começaram na mesma noite, quando manifestantes Montoneros – a esquerda peronista – abriram as prisões e libertaram presos políticos que estavam condenados ou sendo julgados por tribunais militares. A iniciativa atropelou inclusive a anistia política que tinha sido acordada por Cámpora com as forças políticas argentinas, mas precisava de 48 horas para ser transformada em lei.    
Cámpora (esq.) e Perón
A incapacidade de Cámpora em controlar a situação irritou o velho caudilho, que do exílio madrilenho pôde ver os montoneros ocuparem edifícios públicos e privados. O general antecipou seu regresso e forçou Cámpora a renunciar 49 dias depois de ter assumido. O flerte de Cámpora com a esquerda fez com que ele caísse definitivamente em desgraça com Perón. Ele ficou completamente isolado dentro do peronismo.   
Nas novas eleições, em 23 de setembro de 1973, Juan Perón e sua mulher Isabelita, candidata a vice, tiveram 61% dos votos. Aquelas eleições não seriam da Juventude Peronista e dos Montoneros, mas de seus rivais, a direita peronista e os sindicatos. O tempo daqueles jovens e o do próprio Cámpora tinha passado. O rompimento final se deu no dia 1º de maio de 1974, quando, num comício no balcão da Casa Rosada, Perón chamou os militantes esquerdistas de “imberbes e estúpidos” e os expulsou da Praça de Mayo. Dois meses depois, o próprio Perón estava morto. E a Argentina, sob Isabelita e López Rega, iniciava a descida aos infernos.
Hoje, a esquerda peronista identificada com o governo Kirchner formou uma organização denominada La Cámpora, em homenagem ao velho líder falecido em 1980. A organização é chefiada pelo filho de Nestor e Cristina, Máximo Kirchner.

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