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Ricardo Salles, do Endireita Brasil |
O advogado Ricardo Salles,
criador do movimento Endireita Brasil, foi nomeado secretário particular do
governador Geraldo Alckmin. Aos 38 anos, Salles é o protótipo da chamada “nova
direita”: defende a ditadura militar, é contra o casamento entre pessoas do
mesmo sexo, o aborto e é defensor do “Estado mínimo”. Nova, no caso, só se for
pela idade do criador do Endireita Brasil. A assessoria de imprensa do
governador tentou contemporizar e distribuiu nota alegando que Alckmin não compartilha
as opiniões de Salles. Difícil acreditar, já que o “picolé de chuchu” é um
admirador, senão adepto, da Opus Dei, organização católica ultraconservadora
que foi um dos principais sustentáculos da ditadura franquista, na Espanha. Tanto
que, em 1978, quando era prefeito de Pindamonhangaba, Alckmin homenageou os 50
anos da Opus Dei batizando uma rua da cidade com o nome do fundador da
entidade, Josemaría de Escrivá Balaguer, canonizado por João Paulo II.
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Delegado Aparecido Laerte Calandra, capitão Ubirajara |
Não foi a primeira vez que Alckmin
chama para o Palácio alguém com perfil tão reacionário; e certamente nem será a
última. A diferença é que os primeiros foram integrantes da “tigrada”, agentes
da repressão política. No início de seu primeiro governo, ele nomeou para o
comando do Departamento de Inteligência da Polícia Civil ninguém menos que o
delegado Aparecido Laerte Calandra, vulgo “capitão Ubirajara”, um dos mais notórios
torturadores da ditadura. Alvo de duras críticas das entidades de defesa dos
direitos humanos, o governador se valeu da Lei da Anistia, de 1979, para
justificar a nomeação. “A anistia vale para os dois lados”, disse ele
candidamente. Meses depois, quando o assunto esfriou, Alckmin transferiu o
torcionário para uma função burocrática. Dois outros agentes da repressão
identificados pelos ex-presos políticos ainda atuam na polícia paulista: Carlos
Alberto Augusto, conhecido como “Carlinhos Metralha”, e Dirceu Gravina, que operaram,
respectivamente, sob os comandos do delegado Sérgio Paranhos Fleury, no DOPS, e
do então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi.
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