"Precisamos aprender a pensar o Estado novamente. [...] Já nos livramos da presunção do século XX - nunca universal, embora muito difundida - de que o Estado costuma ser a melhor solução para qualquer problema existente. Agora precisamos nos libertar da noção oposta: a de que o o Estado é - sempre, e por definição - a pior opção disponível [...] O que dizer da crença contemporânea de que podemos fazer Estados bem bem-estar social benevolentes ou mercados livres eficientes que promovam o crescimento, mas não os dois? Sobre isso, um conterrâneo de Hayek, o também austríaco Karl Popper, tinha algo a declarar: 'Um mercado livre é paradoxal. Se o Estado não interfere, outras organizações semipolíticas, como monopólios, trustes, sindicatos etc. passam a atuar, reduzindo a liberdade do mercado a uma ficção'.
O mercado, com o passar do tempo, revela-se seu pior inimigo. De fato, os valentes e em última análise bem-sucedidos esforços dos adeptos do New Deal para colocar o capitalismo em pé novamente receberam a oposição mais vigorosa de muitos que se beneficiaram disso a longo prazo. E, embora o fracasso do mercado beire o catastrófico, o sucesso do mercado é igualmente perigoso no aspecto político. A tarefa do Estado não é só recolher os cacos quando a economia desregulada se esfacela. Também lhe cabe conter os efeitos dos ganhos desmesurados. [...] Hoje, quando o mercado e a livre iniciativa para os interesses privados obviamente não atende os anseios coletivos, precisamos saber quando intervir"
Tony Judt, O Mal ronda a Terra
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