Powered By Blogger

terça-feira, 26 de abril de 2011

TEM, SIM, UM MOCINHO NESSA HISTÓRIA


O tenente William Calley Jr.
 O ex-tenente do Exército americano William Calley Jr. é um criminoso de guerra. Ele cumpriu apenas três anos e meio da pena de prisão perpétua pelo massacre de 109 civis vietnamitas em My Lai, 1968. Hoje ele vive em Columbus, Geórgia.

Outros criminosos de guerra, onze soldados americanos responsáveis por torturas na prisão iraquiana de Abu Ghraib, foram condenados a penas leves; nenhum oficial foi implicado. Cinco soldados americanos estão enfrentando uma Corte Marcial sob a acusação de matar deliberadamente civis afegãos. E até agora nenhum soldado ou oficial foi acusado pelas detenções ilegais de Guatánamo - documentos do WikiLeaks mostram que pelo menos 150 inocentes foram mantidos presos desde 2002. Os registros detalham ainda a utilização de métodos violentos - tortura, numa palavra - nos interrogatórios. Tudo o que o Pentágono tem a dizer sobre essas denúncias é que o vazamento foi "infeliz".   

O soldado Bradley Maning, antes...

Já o soldado raso Bradley Manning, de 23 anos, não é um criminoso de guerra mas está preso desde maio do ano passado na base militar de Quantico (Virgína) em condições duríssimas, embora ele não tenha sido julgado ou condenado. Ex-analista de inteligência lotado num batalhão de apoio da 2ª Brigada da 10ª Divisão de Montanha no Iraque, ele foi acusado de vazar 250 mil documentos secretos sobre operações ilegais do Exército americano para o WikiLeaks, que revelaram, entre outras coisas, o ataque de um helicóptero militar contra civis – inclusive crianças – em Bagdá em julho de 2007. Julian Assange, dono do WikiLeaks, também está sob a mira de Washington.

Sobre o soldado Bradley Manning pesam 22 acusações, e uma delas (“colaborar com o inimigo”) pode até condená-lo à pena de morte. Suas condições de prisão são cruéis e desumanas e podem ser definidas, pelos padrões de nações civilizadas, como tortura. “Desde a sua prisão, em maio, Manning é um preso exemplar, sem episódios de violência ou problemas disciplinares; no entanto, foi declarado desde o início ‘prisioneiro de segurança máxima’, o nível mais alto e mais repressivo da detenção militar, base para as medidas desumanas que lhe são impostas”, escreveu o jornalista Glenn Greenwald. “Desde o início, Manning é mantido em isolamento intensivo. Em 23 das 24 horas do dia – por sete meses seguidos e contando – ele fica completamente sozinho na cela. Mesmo na cela, as suas atividades são muito restritas: é proibido de se exercitar e está sob vigilância constante”.

...e depois de ser preso pelo Exército 

"Por razões que parecem simplesmente punitivas”, continua Greenwald, “direitos básicos em prisões civilizadas são-lhe negados, como travesseiro ou lençóis (ele não é e nunca foi de tendência suicida). Na única hora diária em que é retirado deste isolamento, é proibido de ver notícias ou programas ao vivo. O tenente Villiard desmentiu que as condições se assemelhem às de ‘filmes de prisão, em que o preso é atirado num buraco’, mas confirmou que ele está em confinamento solitário, exceto pela hora diária em que sai da cela. Em suma, Manning vem sendo submetido por muitos meses, sem interrupção, a condições desumanas de eliminação da personalidade, de destruição da alma, de indução à insanidade, em condições de isolamento similares às que foram aperfeiçoadas na penitenciária Supermax em Florence, Colorado – e tudo isso sem nem sequer ter sido condenado. E, como no caso de muitos prisioneiros submetidos a tratamentos desvirtuados como esse, o pessoal médico da Marinha agora administra-lhe doses regulares de antidepressivos para evitar que o seu cérebro se despedace pelos efeitos do isolamento”.

A coisa é tão grotesca que P. J. Crowley, porta-voz da secretária de Estado, Hillary Clinton, perdeu o cargo depois de ter declarado que o soldado Bradley Manning não fora declarado culpado de crime algum e que sua prisão era “contraprodutiva e estúpida”.

Prisioneiros em Guantánamo, que Obama prometeu fechar

Como alguém que denuncia crimes cometidos pelo Exército de um país democrático pode ser considerado traidor ou espião? Quem deveria estar preso são as autoridades que permitem e permitiram a ocorrência desses crimes de guerra. O presidente Barack Obama se elegeu prometendo, entre outras coisas, acabar com os abusos e fechar a prisão de Guantánamo. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz por antecipação, mas não apenas não moveu uma palha para investigar as violações dos direitos humanos como manteve as guerras no Iraque e no Afeganistão, iniciadas por Bush.


Bradley Manning é o mocinho dessa história tipicamente americana.








Um comentário:

  1. São democráticos desde que você não interfira na democracia deles. Parece aquele nosso ex-presidente que disse que prendia e arrebentava quem se opusesse à abertura política.

    Quando os americanos prendem alguém é pra dar exemplo, afinal, como os detalhes das condições da prisão do soldado são conhecidos? Para que se saiba o que acontece com quem "trai a América". Nesse ponto concordo em parte, prisão não é SPA.

    ResponderExcluir