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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Decompondo-se e desafinando




Cioran


Primeiro, o porquê do título - "breviário da autodecomposição": trata-se de uma homenagem ao pensador romeno E. M. Cioran, autor do "breviário da decomposição". O improvável pensador defendia uma filosofia de "pensar contra si próprio", apostando no perigo e alargando a esfera de nossos males, na esteira de Nietzsche, Baudelaire e Dostoievsky, conforme definição de Susan Sontag. Que dizia coisas tão politicamente incorretas quanto perturbadoras e subversivas, como: "Se se pusesse em um prato da balança o mal que os 'puros' espalharam sobre o mundo e no outro o mal proveniente dos homens sem princípios e sem escrúpulos, é o primeiro prato que inclinaria a balança... Os desastres das épocas corrompidas têm menos gravidade do que os flagelos causados pelas épocas ardentes: a lama é mais agradável do que o sangue; há mais suavidade no vício do que na virtude, mais humanidade na depravação do que no rigorismo. O homem que reina e não crê em nada, eis o modelo de um paraíso da decadência [...] as verdades começam por um conflito com a polícia e terminam por apoiar-se nela". Não é para delicados; é o "desafinar o coro dos contentes", como dizia Torquato Neto.




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