"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da luz, a estação das trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o paraíso, íamos todos direto no sentido contrário" (Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens).
Essa passagem exprime o Zeitgeist da Revolução Francesa, mas também poderia expressar as perplexidades da nossa trágica época: a dos antifascistas que lutaram na Guerra Civil Espanhola de 1936-1939 ante a omissão das democracias ocidentais e os crimes do NKVD; a dos partisans que se levantaram contra o fascismo na Europa oriental e acabaram sucumbindo aos tanques do stalinismo e, last but not least, a dos jovens brasleiros que pegaram em armas para derrubar a ditadura, sobreviveram à ação da máquina repressiva mas acabaram vendo seus sonhos do "homem novo" se desmancharem nos killing fields do Camboja ou no gulag do Caribe.
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