
Em primeiro lugar, a ironia contra as religiões:
Despedida
Larga as parábolas sagradas,Deixa as hipóteses devotas,
E põe-te em busca das respostasPara as questões mais complicadas.
Por que se arrasta miserável
O justo carregando a cruz,Enquanto, impune, em seu cavalo,
Desfila o ímpio de arcabuz?
Talvez não seja assim tão forte?
Ou será Ele o responsável
Por todo nosso azar e sorte?
E perguntamos o porquê,
Até que súbito - afinal - Nos calam com a pá de cal -
Isto é resposta que se dê?"
"No momento em que uma religião requer ajuda da filosofia, seu declínio é inevitável. Ela busca defender-se e vai tagarelando cada vez mais fundo na ruína. A religião, como todo absolutismo, não deve se justificar. Prometeu é acorrentado no rochedo por uma violência calada".
Depois, Heine fustiga a torre de marfim dos grandes filósofos alemães:
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O filósofo F. W. Hegel |
"Grandes filósofos alemães, que por acaso lancem o olhar sobre estas folhas, irão dar de ombros elegantemente acerca da forma miserável de tudo o que dou a público aqui. Mas queiram eles levar em conta que o pouco que digo é completamente claro e inteligível, enquanto que suas obras, ainda que tão fundamentadas, incomensuravelmente fundamentadas, tão profundas, estupendamente profundas, são incompreensíveis. Do que vale ao povo o celeiro para o qual não tem a chave? O povo está faminto de saber, e agradece um pedacinho de pão do espírito que partilho com ele honestamente."
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Maximilien Robespierre |
Já aqui, o poeta desdenha os revolucionários puritamos que cultuam a virtude e ignoram o caráter subversivo e pagão da Revolução:
"Não lutamos pelos direitos humanos do povo, mas pelos direitos humanos dos homens. Nisso, e ainda em algumas outras coisas, nos distinguimos dos homens da Revolução. Não queremos ser sans-culottes, cidadãos frugais, presidentes baratos: nós promovemos uma democracia de deuses em igualdade de magnificiência, santidade e alegria. Reivindicais trajes simples, costumes abnegados e prazeres sem tempero; nós, pelo contrário, reivindicamos o néctar e ambrosia, mantos púrpuras, perfumes caros, volúpia e esplendor, dança sorridente e ninfas, música e comédias."
E, finalmente, outra "profecia" sombria de Heine sobre o futuro da Alemanha:

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