As Forças Armadas americanas são há muito tempo as mais poderosas do mundo, mas seus comandantes militares em geral primam pela discrição e pela subordinação rigorosa ao poder civil. Alguns, no entanto, se consideram semideuses. George S. Patton, comandante do 3º Exército americano na Europa durante a Segunda Guerra, foi o mais fanfarrão, mas certamente o mais importante foi o general Douglas MacArthur, heroi condecorado, comandante das tropas americanas no Pacífico, líder da ocupação no Japão e comandante das forças da ONU na Coréia. Em 1950, sem consultar a Casa Branca, MacArthur cogitou de jogar bombas atômicas contra os chineses que intervieram no conflito ao lado dos norte-coreanos. Foi demitido sumariamente em abril de 1951 pelo presidente Harry Truman, que teria dito à filha: "acabo de demitir Deus..." MacArthur voltou aos EUA e foi ovacionado por multidões. Chegou a ser instado pelos republicanos para se candidatar a presidente. Num discurso famoso, ele disse, referindo-se a si mesmo, que "as grandes estrelas não morrem nunca... elas simplesmente desaparecem". E ele simplesmente desapareceu do cenário político americano. E o general que chegou à Casa Branca, Dwight Eisenhower, foi o mais civil dos militares americanos. Já Alexander Haig, ex-comandante da Otan que chegou ao posto de secretário de Estado, tentou assumir as rédeas do o governo em 1981, quando o presidente Ronald Reagan sofreu um antentado. Deu-se mal, perdeu prestígio e acabou renunciando no ano seguinte.
Stanley McChrystal, até ontem comandante das forças da Otan e dos EUA no Afeganistão, conhecido pelo apelido de Comandante Jedi, foi a manifestação mais recente de indisciplina. Ele foi demitido pelo presidente Barack Obama depois de ter ridicularizado seus superiores civis numa entrevista à revista Rolling Stone. O título da reportagem é O general em fuga. Stanley McChrystal, o comandante de Obama no Afeganistão assumiu controle da guerra ao nunca se esquecer de quem são os inimigos de verdade: os maricas da Casa Branca. Saiu fora da linha, dançou. Como disse Obama: "(A atitude de McChrystall) faz pouco do controle civil dos militares que está na base de nossa democracia". Nos EUA, pelo menos, não há perigo de "pronunciamientos" ou "fúria das legiões".
quarta-feira, 23 de junho de 2010
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