O acordo fechado pelo Irã, Brasil e Turquia prevendo o enriquecimento do urânio iraniano no exterior enfraquece muito a possibilidade de imposição de sanções a Teerã pela ONU, como quer Washington, e consagra os esforços do presidente Lula, que sempre apostou no diálogo. Foi uma aposta alta e arriscada, mas ele ganhou. Não será surpresa agora se Lula for indicado para o Prêmio Nobel da Paz ou para a secretaria-geral da ONU - imagine como deve estar se mordendo o Farol de Alexandria... Mas o acordo é sobretudo a consagração da diplomacia comandada pelo chanceler Celso Amorim desde 2003, que procurou inserir o Brasil na nova ordem geopolítica mundial, criando alianças pontuais com potências emergentes como a China, Índia e Rússia, afastando-se assim da órbita norte-americana. Essa mesma diplomacia, que retoma a melhor tradição do Itamaraty de política externa independente, tem sido vilipendiada com virulência inusitada pela direita política. Acusações de ser "ideologizada", ingênua, incompetente, "trêfega" tem sido feitas aos borbotões na grande mídia conservadora, como Veja, Folha, Globo e Estadão. E eles não perdoam e não aprendem, como os Bourbons: o Estadão já saiu falando que a Turquia "atropelou" a diplomacia brasileira. Na verdade, foram os turcos, que viajaram apressadamente a Teerã, que pegaram carona no acordo costurado por Lula e Ahmadinejad.
O barão do Rio Branco, pai da nossa diplomacia, certamente se orgulharia de Amorim. Já os Lampreia, Celso Lafer, Rubens Barbosa e outros representantes da diplomacia de punhos de renda, aliados incondicionais de Washington, devem estar pedindo seus sais...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
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