Com Stéphane Hessel, morto
ontem aos 95 anos, desaparece um dos últimos humanistas de esquerda europeus.
Há dois anos, ele surpreendeu o mundo ao lançar um manifesto, intitulado Indignai-vos, no qual aludia ao espírito
da resistência e à consigna sartriana do engajamento pessoal para conclamar os
cidadãos do mundo a protestarem contra a injustiça social, a xenofobia das
políticas anti-imigratórias e a crise capitalista global. Esse livreto vendeu
mais de quatro milhões de exemplares em 35 países e acompanhou os levantes populares nos países árabes, servindo também de
bandeira aos movimentos de protestos dos indignados nos países ocidentais, da
Espanha à Grécia e aos Estados Unidos, onde inspirou o movimento Occupy Wall
Street. De origem judaica, Hessel era um incansável defensor da causa
palestina.
Ele era
filho de Franz Hessel e de sua esposa Helen Grund, que inspiraram, junto com o
escritor Henri-Pierre Roche, a história de Jules
et Jim, levada ao cinema pelo diretor François Truffaut. Nascido em Berlim, mas naturalizado francês desde 1937, Stéphane
Kessel fugiu para Londres em 1941 para unir-se ao general Charles de Gaulle e à
resistência contra os nazistas. Preso em 1944 pela Gestapo em Paris, foi
deportado ao campo de Buchenwald e depois a Dora. Com o fim da guerra,
participou na ONU da elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
em 1948. Trabalhou muitos anos como diplomata. Na França, juntou-se ao
radical-socialista Méndes-France, que se opunha à guerra colonial na Argélia.
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