Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático, ex-comunista |
Vejam vocês: nas eleições de
domingo próximo, o Partido Democrático (PD, ex-Partido Comunista Italiano) de
Pier Luigi Bersani deve sair vitorioso, numa clara rejeição do eleitorado às
políticas de austeridade do governo tecnocrata Mario Monti, imposto ao país
pela troika (Banco Mundial, Banco Central Europeu e FMI). Mas será que essa
rejeição será ouvida? Se o PD ganhar, ele provavelmente não terá, sozinho, a maioria
necessária para formar um governo. E, aí, adivinhem quem deverá apoiá-lo? Mario
Monti, o queridinho dos mercados, o cão de guarda da política de austeridade
que garante o lucro do setor financeiro à custa dos empregos de milhões de cidadãos,
como acontece na maioria dos países da Europa. É que o PD, embora coligado a
forças de esquerda, é hoje mais centrista do que a antiga Democracia Cristã, ou
seja, defende o mesmo receituário neoliberal para sair da crise. Mas, se se
coligar com Monti, os ex-comunistas terão problemas com os sindicatos. De
qualquer forma, é irônico que, num país cujo Partido Comunista foi o maior do
Ocidente, a esquerda tenha chegado a ponto de não ter representação no
Parlamento.
Silvio Berlusconi, o fanfarrão que encanta a Itália |
O segundo colocado é o
fanfarrão Silvio Berlusconi, o corrupto e autoritário megaempresário que criou
leis para evitar ir para a cadeia, tem relações com a Máfia e controla quase
toda a mídia do país. Que um sujeito como esse tenha ainda tanta intenção de
voto – podendo até ganhar – revela o grau de deterioração da democracia italiana.
Beppe Grillo, o palhaço qualunquista |
E o terceiro colocado é um palhaço – comediante, se quiserem –, Beppe Grillo,
que, como Marina Silva e Gilberto Kassab, diz que não é de esquerda nem de
direita. É uma mistura de Silvio Santos com Fernando Collor de Melo, ou seja,
um populista autoritário; na linguagem política italiana, um “qualunquista”, movimento
que surgiu depois da II Guerra e que desdenhava dos partidos e das instituições
da democracia. O partido desse sujeito – chamado “Cinco Estrelas” – terá mais
votos que Mario Monti, prevêem as pesquisas. A ascensão de Berlusconi e de Grillo
e a possibilidade de um novo governo pró-austeridade, apesar de a maioria
querer outra coisa – tudo isso mostra que a crise da representação não é um apanágio
dos chamados países em desenvolvimento, o antigo Terceiro Mundo.
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