O papa João XII, o devasso |
O
período entre os anos 904 e 935 ficou conhecido, na Igreja Católica, como
Pornocracia – denominação cunhada no século XVI pelo cardeal César Baronio – ou
ainda Reinado das Prostitutas. Era alusão à influência de duas cortesãs,
Teodora e Marozia, respectivamente mulher e filha do senador romano Teofilacto
I, que tiveram grande influência sobre o Vaticano naquela época.
Um
dos papas desse período é considerado um dos pontífices mais devassos e cruéis
de todos os tempos: João XII, cujo nome verdadeiro era Octaviano e cujo pontificado
durou apenas nove anos, de 955
a 964. Ele era filho ilegítimo do príncipe Alberico II de
Spoleto e neto de Marozia, que por sua vez tinha sido amante do papa Sérgio III
e mãe do papa João XI. Octaviano subiu ao trono com apenas 18 anos, escolhendo
o nome de João XII. Seu pontificado faria corar os Bórgias, que reinariam
séculos depois.
Ameaçado
pelo rei da Itália, Berengário II, João XII se aliou ao rei alemão Oto I e fez
dele imperador de um novo império, o Sacro Império Romano-Germânico, uma
tentativa de recriar o antigo reino de Carlos Magno. Ambos selaram uma aliança
pela qual o imperador confirmava as doações territoriais feitas à Igreja por
Pepino, o Breve, em troca da reafirmação do Constitutio Lotharii, que
estabelecia que nenhum papa seria consagrado até que sua eleição fosse aprovada
pelo imperador. Mas o acordo durou enquanto Oto esteve em Roma, pois João XII o
rompeu, buscando alianças com bizantinos, húngaros e príncipes italianos.
Algumas de suas torpezas, segundo o livro A História Secreta dos Papas,
de Brenda Ralph Lewis:
“Dormiu
com as prostitutas de seu pai e chegou ao cúmulo de manter relações com sua
própria mãe. João XII também presenteava suas amantes com cálices de ouro,
verdadeiras relíquias sagradas da igreja de São Pedro. Ele ainda cegou um
cardeal e castrou outro, causando sua morte. Apoderava-se das oferendas feitas
pelos peregrinos para apostar em jogos. [...]. As mulheres eram advertidas a se
manterem longe de São João de Latrão, ou de qualquer outro lugar frequentado
pelo papa, pois ele estava sempre à procura de novas conquistas. Após pouco
tempo, os romanos estavam tão furiosos com tais atitudes que o papa começou a
temer por sua vida. Sendo assim, resolveu saquear a igreja de São Pedro e fugir
para Tívoli, a 27
quilômetros de Roma.
João XII
estava causando tanto estrago ao papado e ao Vaticano, superando os crimes e
pecados de seus antecessores, que um sínodo especial foi convocado. Todos os
bispos italianos, 16 cardeais e outros prelados (alguns alemães), reuniram-se
para decidir o que fazer com o devasso pontífice. Convocaram testemunhas e
ouviram evidências sob juramento. Então, fizeram uma lista que adicionava ainda
mais acusações às informações bizarras e assustadoras que já possuíam sobre
João.
[...] (caso
fosse deposto, o papa ameaçou excomungar todos os envolvidos no sínodo), [...].
O
imperador Oto não se curvou à ameaça de excomunhão do papa e o depôs, colocando
em seu lugar o papa Leão VIII sem que João soubesse. Quando retornou a Roma, em
963 D.C., sua vingança foi infinitamente pior que sua ameaça. João XII depôs o
papa Leão e, ao invés da excomunhão, executou e mutilou todos os que fizeram
parte do sínodo. Um bispo teve a pele arrancada, um cardeal teve o nariz e dois
dedos cortados e a língua arrancada, e 63 membros do clero e da nobreza romana
foram decapitados. Na noite de 14 de maio de 96 4, parece que todas as rezas implorando a
morte de João XII foram ouvidas. Segundo a descrição do bispo João Crescêncio
de Protus: ‘enquanto estava tendo relações sujas e ilícitas com uma matrona
romana, o papa foi surpreendido pelo marido de sua amante em pleno ato. O
enfurecido traído esmagou seu crânio com um martelo e, finalmente, entregou a
indigna alma do papa João XII a Satã.’”
ÓTIMO TRABALHO QUE TAMBEM PODE SER ENCONTRADA MAIS INFORMAÇÕES NO MANUAL BÍBLICO, HENRY H, HALLEY.
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