À esta análise do Ricardo Kotscho, acrescento apenas que, na tentativa de esvaziar a vitória do PT em São Paulo e minimizar a derrota
tucana na sua cidadela, alguns analistas da grande mídia tentaram desqualificar a eleição de Haddad
por conta da alta taxa de abstenção (20% do eleitorado paulistano). Ora, em Salvador a abstenção foi 30% e lá eles não têm dúvida em falar da derrota petista. Se abstenções desqualificassem vitórias, quase nenhum presidente americano teria legitimidade, pois lá a abstenção é em média de 50%.
Mesmo sem barba, nossa oligarquia tem muita dificuldade de engolir o sapo...
Mídia derrotada mais uma vez pelo PT de
Lula
Do balaio do Kotscho
Perderam para Lula em 2002.
Perderam para Lula em 2006.
Perderam para Lula e Dilma em 2010.
Perderam para Lula e Haddad em 2012.
A aliança contra Lula e o PT montada pelos
barões da mídia reunidos no Instituto Millenium sofreu no domingo mais uma
severa derrota.
Eles simplesmente não aceitam até hoje que
tenham perdido o poder em 2002, quando assumiu um presidente da República fora do
seu controle, que não os consultava mais sobre a nomeação do ministro da
Fazenda, nem os convidava para saraus no Alvorada.
Pouco importa que nestes dez anos tenha
melhorado a vida da grande maioria dos brasileiros de todos os níveis sociais,
inclusive a dos empresários da mídia, resgatando milhões de brasileiros da
pobreza e da miséria, e dando início a um processo de distribuição de renda que
mudou a cara do País.
Haddad entre Dilma e Lula |
Lula e o PT continuam representando para
eles o inimigo a ser abatido. Pensaram que o grande momento tinha chegado este
ano quando o julgamento do mensalão foi marcado, como eles queriam, para
coincidir com o processo eleitoral.
Uma enxurada de capas de jornais e revistas
com quilômetros de textos criminalizando o PT e latifúndios de espaço sobre o
julgamento nos principais telejornais nos últimos três meses, todas as armas
foram colocadas à disposição da oposição para o cerco final ao ex-presidente,
mas a bala de prata deu chabu.
Na noite de domingo, quando foram
anunciados os resultados, a decepção deve ter sido grande nos salões da
confraria do Millenium, como dava para notar na indisfarçada expressão de
derrota dos seus principais porta-vozes, buscando explicações para o que
aconteceu.
Passada a régua nos números, apesar de
todos os ataques da grande aliança formada pela mídia com os setores mais
conservadores da sociedade brasileira, o PT de Lula e Dilma saiu das urnas
maior do que entrou, como o grande vencedor desta eleição.
"PT — O maior vencedor" é o
título do quadro publicado pela Folha ao lado dos mapas das Eleições em todo o
País. Segundo o jornal, o PT "foi o campeão em dois dos mais importantes
critérios. Além de ter sido o mais votado no 1º turno (17,3 milhões), é o que
irá governar para o maior número de eleitores".
De fato, com os resultados do segundo
turno, o PT irá governar cidades com 37,1 milhões de habitantes, onde vive 20%
do eleitorado do País. Com cidades habitadas por 30,6 milhões, o segundo
colocado foi o PMDB, principal partido da base aliada.
E agora, José? |
“Em relação aos resultados das eleições de
2008, o total de eleitores governados por prefeitos petistas crescerá 29% em
2013, quando os eleitos ontem e no primeiro turno deverão assumir”, contabiliza
Ricardo Mendonça no mesmo jornal.
Do outro lado, aconteceu exatamente o
contrário: “Já os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff saem da
eleição menores do que entraram. Na comparação com 2008, PSDB, DEM e PPS, os
três principais oposicionistas, terão 309 prefeituras a menos. Puxados
para baixo principalmente pelo DEM, irão governar para 10,5 milhões de
eleitores a menos”.
Francelino Pereira, ex-presidente da Arena |
Curiosa foi a manchete encontrada pelo
jornal O Globo para esconder a
vitória do PT: “Partidos ficam sem hegemonia nas capitais”. E daí? Quando, em
tempos recentes, algum partido teve hegemonia nas capitais? Só me lembro da
Arena, nos tempos da ditadura militar, que o jornal apoiou e defendeu, quando
não havia eleições diretas.
O que eles estarão preparando agora para
2014? Sem José Serra, que perdeu de novo para um candidato do PT que nunca
havia disputado uma eleição, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, eleito
com 55,57% dos votos, terão que encontrar primeiro um novo candidato.
Ao bater de frente pela segunda vez seguida
num “poste do Lula”, o tucano preferido da mídia corre agora o risco de perder
também a carteira de motorista.
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