Deu no New York Times:
Caças F-16 Fighting Falcon |
Em 2011, em que pese ainda
sentirem os efeitos da crise econômica mundial, os Estados Unidos bateram o
recorde de venda de armas ao exterior, atingindo US$ 66,3 bilhões, valor três
vezes maior do que o alcançado no ano anterior (US$ 21,4 bilhões). Esta soma
representa nada menos que 2/3 do total mundial de 2011 – US$ 85,3 bilhões. A
Rússia vem num distante segundo lugar, com meros US$ 4,8 bilhões em vendas.
Caças F-15 Eagle sobrevoam o céu da Arábia Saudita |
A maior parte das vendas de
armas americanas destinou-se aos países do Golfo Pérsico (Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos e Omã), que estão preocupados com o aumento de tensão
entre Israel e Irã. Os Estados do
Golfo temem serem atacados pelo Irã em caso de conflito, pois eles são fiéis aliados
dos EUA na região.(Será mera coincidência o alarmismo da grande mídia em
relação ao “perigo iraniano”?). Esses países compraram caríssimos caças e
helicópteros ultramodernos, além de sofisticados sistemas de defesa antimísseis.
Helicóptero Black Hawk |
De acordo com o Times, a
Arábia Saudita comprou 84 caças F-15, dezenas de helicópteros Black Hawk e
Apache, sistema de mísseis e logística, além de modernizar 70 caças F-15,
gastando a bagatela de US$ 33,4 bilhões. Os Emirados compraram um escudo antimísseis
e 16 helicópteros Chinook por US$ 939 milhões e Omã comprou 18 caças F-16 por
US$ 1,4 bilhão.
Nenhuma surpresa. A produção
e venda de armas é essencial ao império americano. Um pouco de história:
Em 17 de janeiro de 1961, no
seu discurso de despedida, o presidente americano Dwight Eisenhower alertou
seus compatriotas sobre as graves implicações de um novo fenômeno na história
americana: “a conjunção de um imenso establishment militar e uma grande
indústria de armamentos”, que ele denominou “Complexo Industrial-Militar”. Os
gastos militares daquela época, dizia Eisenhower, consumiam “mais do que o
lucro líquido de todas as corporações dos Estados Unidos”. Com essa dinherama à
disposição do Complexo Militar Industrial, o presidente alertava contra uma
influência negativa sobre a sociedade americana que ia além da esfera econômica
e política e atingia até a dimensão espiritual.
O presidente Eisenhower adverte contra o "Complexo Militar-Industrial" |
Eisenhower era militar; ele foi
o grande herói americano da II Guerra Mundial. Seus sucessores, todos civis, a
começar por John Kennedy, só fizeram aumentar os gastos militares dos EUA e a
alimentar o Complexo Militar Industrial. Um filme idiota, JFK, de Oliver Stone,
tenta dizer que Kennedy foi assassinado, entre outras coisas, porque contrariou
os interesses do “complexo”. Trata-se de uma ignorância histórica completa do
período, já que Kennedy fez campanha falando de um inexistente “gap missile”
dos EUA em relação à URSS. No poder, ele investiu pesadamente na modernização e
ampliação do arsenal nuclear americano.
Além do fato de uma advertência daquele tipo ter
partido de um presidente com origem
militar, o alerta de “Ike” chama atenção também porque, na época, mundo vivia o
auge da Guerra Fria e os EUA se sentiam ameaçados pela União Soviética, que
tinha capacidade semelhante à dos americanos de destruir o mundo várias vezes
com seu arsenal nuclear.
Cinqüenta anos depois e 20 anos após o fim da Guerra
Fria e o colapso da União Soviética, os gastos dos EUA com despesas militares
mais do que dobraram em relação ao período que Eisenhower pronunciou seu
discurso.
Aqui, o discurso de
Eisenhower:
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