Navio Tutóia torpedeado por submarino alemão |
Há 70 anos, no dia 22 de
agosto de 1942, o Brasil declarava guerra às potências do Eixo (Alemanha,
Itália e Japão). Com isso, o país se tornaria a única nação latino-americana –
ao lado do México – a engajar tropas ao lado dos aliados. A declaração de
guerra veio depois que submarinos alemães e italianos torpedearam vários navios
mercantes na costa brasileira e na costa americana, matando mais de mil pessoas,
a maioria civis.
No início do conflito,
Getúlio Vargas tentou manter a neutralidade do país, tanto em função das
facções que compunham o governo – germanófilos e americanófilos – quanto em razão dos interesses econômicos, pois exportávamos matérias primas (café e
borracha) para os EUA e para a Alemanha. Mas os Estados Unidos, que ajudavam os
britânicos antes mesmo de entrar na guerra, pressionavam o Brasil para abandonar a neutralidade, pois precisavam de materiais estratégicos e da autorização para construir instalações militares no Nordeste brasileiro. Pragmático, Vargas topou o alinhamento, obtendo em troca dos
americanos o financiamento para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o reequipamento das Forças Armadas.
Em 1940, por iniciativa de
Washington, os países latino-americanos assinaram em Havana um termo de
solidariedade continental em caso de agressão externa a qualquer país do
continente. O presidente Franklin Roosevelt incentivou a assinatura de vários
acordos com o Brasil e iniciou uma campanha ideológica contra a presença alemã
no continente americano. O governo brasileiro chegou a fechar escolas e a confiscar
estabelecimentos alemães e italianos. Depois do ataque do Japão à base
americana de Pearl Harbour, em dezembro de 1941, o alinhamento do Brasil aos
EUA se tornou inevitável. Em janeiro de 1942, na Reunião dos Chanceleres do Rio
de Janeiro, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo. Estava
dado o pretexto para que alemães e italianos começassem a torpedear navios
brasileiros.
Manifestação pela entrado do Brasil na guerra |
Mas a declaração de guerra
não pode ser entendida apenas do ponto de vista do xadrez geopolítico. Houve pressão
popular para que o Brasil entrasse no conflito contra o nazi-fascismo. A
população enfrentava restrições impostas pela guerra, com racionamento de
vários produtos. Sob a liderança de entidades civis como a UNE (União Nacional
dos Estudantes), foram organizadas grandes manifestações em favor da declaração
de guerra ao Eixo. E é preciso lembrar que vivíamos, então, sob o tacão do Estado
Novo. As manifestações, inclusive, levaram à queda do temido chefe de polícia
do regime, o capitão Filinto Müller – um dos germanófilos no governo e uma
espécie de Sérgio Paranhos Fleury avant
la lettre.
E os pracinhas fizeram
bonito. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) enviou um contingente de 25 mil
soldados para lutar na Itália, incluindo os pilotos do 1º Grupo de Aviação de
Caça da FAB (Força Aérea Brasileira). Despreparados, mal equipados e mal
treinados, os pracinhas foram objeto de zombaria das tropas do V Exército
americano, ao qual estavam integrados. Diziam que brasileiros lutando na guerra era como se a cobra fumasse. E a cobra fumou! A despeito de tudo isso, a FEB mostrou-se
valorosa, superando as dificuldades, travando e vencendo batalhas importantes, como Monte Castello e
Montese. Os brasileiros aprisionaram quase 20 mil alemães. Quase 500 pracinhas tombaram nos campos de batalha italianos.
Soldados da FEB lutando na Itália |
E tem muita viúva da ditadura
que quer emporcalhar esse legado heróico de luta contra o nazi-fascismo das
Forças Armadas brasileiras defendendo facínoras como o coronel Brilhante Ustra,
o brigadeiro João Paulo Burnier, o major Curió, entre outros, sem falar dos
generais-presidentes. São dois exércitos diferentes.
Este vídeo americano, que
enaltece a aliança entre o Brasil e os EUA contra o Eixo, é pura propaganda, mas tem imagens muito boas.
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