Nelson Mandela, pai da
moderna África do Sul, já foi considerado um perigoso terrorista. Ele, de fato,
era o chefe do Umkhonto we
Sizwe (lança da nação), braço militar do
Congresso Nacional Africano. Preso em 1962, ele foi condenado à prisão perpétua
por traição. Na época, acreditava que só a luta armada poderia acabar com o
apartheid. Passou 27 anos na cadeia e, quando foi solto, em 1990, negociou com
os líderes brancos a transição para um regime multirracial. Eleito presidente
da África do Sul, revelou-se um estadista ao buscar a conciliação com os
brancos, embora revelando os crimes do apartheid. Cumpriu apenas um mandato –
Robert Mugabe, herói da independência do Zimbábue, está no poder há 32 anos.
Hoje, dia de seu aniversário, é o Mandela Day, reconhecido pela ONU.
Nesse trecho de uma carta,
Mandela fala de sua opção política:
“Eu, que nunca tinha sido um
soldado, que nunca havia lutado numa batalha, que nunca tinha disparado uma
arma contra um inimigo, tinha escolhido para formar um exército. Seria uma
tarefa difícil para um general veterano, quanto mais para um novato militar. O
nome desta nova organização era Umkhonto we Sizwe (A Lança da Nação) ou MK. O
símbolo da lança foi escolhido porque, com esta simples arma, os africanos
tinham resistido às incursões de brancos durante séculos.
[...]
Eu escolhi este caminho, que
é o mais difícil e envolve mais riscos e dificuldades do que ficar esperando.
Eu tive que me separar de minha querida esposa e filhos, da minha mãe e as
irmãs a viver como um bandido na minha própria terra. Eu tive que fechar minha
empresa, abandonar minha profissão, e viver na pobreza, como muitos dos meus amigos
estão fazendo .... Vou lutar contra o governo, lado a lado com você, centímetro
por centímetro, milha a milha, até a vitória final. E você, o que fará? Virá
conosco ou irá cooperar com o governo em seus esforços para suprimir as
reivindicações e aspirações de seu próprio povo? Você ficará calado e neutro em
uma questão de vida ou morte para o meu povo, para o nosso povo? De minha parte,
eu fiz a minha escolha. Eu não deixarei a África do Sul, nem vou me render.
Somente por meio do sacrifício, de dificuldades, e de ação militante a
liberdade poderá ser conquistada. A luta é minha vida. Vou continuar lutando
pela liberdade até o fim dos meus dias.”
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