General Paul Aussaresses |
O documentário Esquadrões da morte: a escola
francesa, da jornalista francesa Marie-Monique Robin, mostra que, ao
contrário do que imagina o senso comum, foi a França – e não os EUA – quem
criou as táticas de contrainsurgência e a prática de torturas contra
prisioneiros que seriam aplicados sistematicamente pelas ditaduras militares na
América Latina. Humilhados e expulsos da Indochina em 1954 pelo Vietminh, os
franceses passaram a estudar as táticas guerrilheiras de Mao Tsé-tung para combater
a resistência argelina à dominação francesa, comandada pela Frente de
Libertação Nacional (FLN).Um dos principais oficiais envolvidos com esses métodos é o general Paul Aussaresses, de 94 anos, que há alguns lançou um livro defendendo a tortura.
Robin descreve que a
experiência e a prática francesas de jogar pessoas de pés e mãos atados no mar
não é invenção dos oficiais argentinos e as piores crueldades cometidas contra
a resistência são um aprendizado made
in France. Uma exposição de como os paraquedistas franceses desenvolveram
esses métodos na Argélia foi feita no filme A Batalha de Argel, de Gillo
Pontecorvo. Mas como De Gaulle desistiu de manter a Argélia francesa a todo
custo – o país conquistaria sua independência em 1962 – e os EUA começavam a se
atolar no Vietnã, a expertise da contrainsurgência foi assumida pelos
americanos.
E eles aperfeiçoariam e
espalhariam essas técnicas a partir da Escola das Américas, estabelecida no
Panamá em 1946. A
“escola dos assassinos”, como ficaria conhecida, ensinava a militares
latino-americanos treinamento em golpes de Estado, guerra psicológica,
intervenção militar e técnicas de interrogatório – eufemismo para tortura. Os
brasileiros foram tão bons alunos que até exportaram essas técnicas para seus
vizinhos. Mas a primazia foi da pátria da Liberdade, Igualdade e
Fraternidade...
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