"É frequente vermos na imprensa os comentários de que é crise grega é resultado da 'gastança' feita pelos gregos, que teriam se acostumado a exigir muito e trabalhar pouco.
Um partido austríaco de direita chegou a espalhar outdoors racistas retratando os gregos como entregues ao descanso perdulário, que a gente reproduz no post.
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Os gregos, segundo os números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OECD, trabalham em média 2090 horas por ano, 48,6% mais que as 1.419 horas anualmente trabalhadas pelos alemães e 35,7% mais que as 1554 horas anuais do trabalhador francês médio.
É irônico que, na longa lista de países que compõe a estatística da OECD, os gregos só percam – e de pouco – para a maior jornada média anual apurada: a dos sul-coreanos, com 2.193 horas, 4% a mais ou, dividindo-se por uma média de 230 dias úteis por ano, 22 minutos diários de trabalho em relação aos gregos.
Não é exato fazer comparações com o Brasil, para não mudar os critérios de apuração, sobretudo porque é difícil equacionar a questão do emprego rural e do informal neste cálculo, mas andamos por volta de 2.000 horas anuais, embora este número venha se reduzindo em razão da formalização do emprego. Ainda assim, segundo dados do Censo de 2010, 28% dos brasileiros trabalhavam mais de nove horas por dia.
De qualquer forma, há algo positivo nesta história deprimente.
É o fato de vermos como o “mito da indolência”, tantas vezes usados contra nós, brasileiros, encobre desde os interesses de dominação, passando pelo racismo e , sobretudo, pelo encobrimento de sistemas econômicos injustos e empobrecedores, generosos com o capital e mesquinhos com o trabalho."
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