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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

AS APARÊNCIAS ENGANAM


Aeroporto de Guarulhos
Paulo Henrique Amorim está impagável na postagem hoje em seu blog sobre a “privatização” de alguns dos mais importantes aeroportos braileiros (Guarulhos, Viracopos e Brasília). É de se notar que o leilão rendeu aos cofres públicos R$ 24,5 bilhões, 347% a mais do que o previsto. E que as grandes empreiteiras - Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão - ficaram de fora, à exceção da OAS. Empresas da África do Sul e da Argentina, aliadas a fundos de pensão, levaram a melhor. A combinação das duas coisas talvez explique o tom de desdém dos jornalões.     

Alguns trechos:

"A privatização da Dilma é partilha. FHC era concessão

Para o Valor, na primeira página, os vencedores do leilão dos aeroportos formam um conjunto de parvos:

“Preços pagos no leilão superam geração de caixa de aeroportos”

Entraram no leilão para ter prejuízo.

A Folha, na primeira página, diz que só empresa micha venceu o leilão.

Claro: nenhuma vencedora tem a musculatura do UOL e da Folha, que, como se sabe, são blue-chips da Bolsa da Valores de Nova York.

O jornal nacional do Ali Kamel deu ao leilão o tratamento de uma batida de trânsito na rua Lopes Quintas.

[..]

Kamel parecia por lenha na fogueira da insurreição baiana

A Urubóloga esteve implacável no Globo.

[...]

Começa com uma gigantesca imprecisão:

“… como a privatização dos tucanos, foi estatizada demais”

(Ela não menciona pequena diferença entre uma e outra – a dos tucanos foi a maior roubalheira numa privataria latino-americana, como demonstrou em cem paginas de documentos públicos, o Amaury Ribeiro Jr.)

E aí é que está o busílis da questão.

Na Privataria tucana, o Cerra e o Farol de Alexandria vendiam a preço de banana – como fizeram com a Vale, debaixo de furiosa pressão do Cerra, segundo depoimento envergonhado do FHC – e iam embora para casa.

Ou para Miami.

Vendiam as telefônicas a preço de banana, entregavam ao Daniel Dantas – que não entrava com um tusta – e iam embora para casa.

Ou para Paris.

Se as telefônicas não cumpriam o combinado com os consumidores, se mandavam com todo o lucro para fora e não reinvestiam, se eram as campeãs de reclamação no Procon, problema da Anatel.

[...]

A privatização da Dilma é um pouquinho diferente.

Primeiro, ela não levou a leilão patrimônio nacional não renovável, como as jazidas minerais da Vale do Rio Doce.

Ou as jazidas do pré-sal da Petrobrax.

Ela leiloou a gestão de serviços.


O controle do que interessa, do que é vital, a gestão do espaço aéreo, isso continua no Brasil.

Não foi para a Espanha.

Aeroporto de Viracopos (Campinas, SP)

Em segundo lugar, a Infraero é sócia dos consórcios vencedores, com participação forte – 49% em Guarulhos.

E a Dilma tem direito a veto na administração dos aeroportos.

Ou seja, a Presidenta Dilma tem o pé na porta.

Não cumpriu o que prometeu, ela entra na sala.

E 49% da geração de lucro de Guarulhos não é de se jogar fora, não é isso, amigo navegante ?

É dinheiro para a Infraero aplicar em outros aeroportos essenciais à interiorização do progresso.

O que o Brasil ganhou com a concessão da Brasil Telecom ao Daniel Dantas?

Quem ganhou mais?

Ele ou o Brasil?

O modelo que se pode chamar de híbrido da Dilma é manter sob controle do Estado uma formidável “golden share”, como fazia a D. Thatcher, a mãe de todos os privatizadores.

(Aqui, o Cerra jogou a “golden share” num piscinão do rio Tietê.)


A “golden share” da Dilma é o direito a veto.

[..]

É a diferença entre “concessão” e “partilha”, na Petrobras.

O Farol “concedia” as reservas de petróleo do Brasil às empresas exploradoras.

A Dilma e o Lula, na companhia do Gabrielli, montaram o sistema da “partilha”.

E quem fica com a parte do leão (Infraero e o direito a veto) é a Petrobras.

A Urubóloga tem razão.

A privatização da Dilma é estatizada demais.

Sem Ricardo Sergio de Oliveira.

O que é uma grande diferença!

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