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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

DAVID "DAVE" BRUBECK (1920-2012)

Theodor Adorno
Theodor Adorno, um dos pilares da Escola de Frankfurt, afirma (in Moda Intemporal – sobre o jazz e Fetichismo na música e a regressão da audição) que o jazz é um mero produto da indústria cultural, um “fenômeno de massa” sujeito a todas as limitações das artes – na verdade, espetáculos, como cinema e fotografia – dentro do capitalismo.

O pensador alemão desvaloriza as improvisações características do gênero, que diz serem afetadas pela “estandardização, a exploração comercial e o enrijecimento do meio”. Para ele, as improvisações jazzísticas não passam de “embustes”.

Meu amigo jornalista e profundo conhecedor de música João Batista Natali minimiza a crítica, alegando que quando Adorno escreveu tudo isso, em 1943, a palavra “jazz” significava muita coisa, inclusive o rock-balada medíocre que fazia sucesso durante a Segunda Guerra. Já o crítico Peter Townsend, em Adorno on Jazz: Vienna versus the vernacular, diz que a falta de conhecimento do mestre frankfurtiano sobre o jazz era simplesmente espantosa.  

Dave Brubeck, ao piano, com seu famoso quarteto
Seja como for, Adorno não deve ter ouvido David "Dave" Brubeck, jazzista morto hoje às vésperas de completar 92 anos. Além de se tornar conhecido por quebrar convenções desse gênero musical, Brubeck também ficou famoso por seu ativismo político, integrando-se com músicos negros em concertos em diversos clubes de jazz negros no sul dos Estados Unidos numa época vigorava o apartheid em vários estados sulistas.

Como pianista, David Brubeck também aplicou ao jazz as influências clássicas de seu professor, o francês Darius Milhaud, tocando com um estilo considerado uma antítese ao norte-americano. Nos anos 1950, Brubeck levou concertos às universidades, quebrando o preconceito de que o jazz não tinha lugar no meio acadêmico.

O genial e erudito Adorno não entendia de jazz - ninguém é perfeito. Mas se este gênero fosse mesmo “regressão da audição”, como classificar techno, sertanejos, axé e pancadões de hoje?












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