Pesquisa divulgada domingo pelo Datafolha
mostrou que 28% das pessoas entrevistadas não confiam na imprensa, enquanto que
51% “confiam um pouco” e 22% “confiam muito”. Na pesquisa anterior, esses números
estavam invertidos, com 18% de pessoas que desconfiavam, 31% que confiavam
muito e 50% que confiavam um pouco. No total, a pesquisa mostrou que hoje 78% dos
brasileiros têm um pé atrás com a mídia.
Ao mesmo tempo, o Datafolha revelava que
se Lula ou Dilma fossem candidatos hoje, seriam eleitos no primeiro turno com
pouca diferença de votos – 56% e 57%, respectivamente. Os arautos da oposição,
com Aécio Neves à frente, estariam patinando na intenção de votos. Tudo bem,
pesquisa é pesquisa, voto é voto, como demonstraram as eleições de Dilma e
Haddad. Mas importa saber que elas revelam uma tendência. Na sexta-feira, outra
pesquisa, da CNI/Ibope, mostrou a presidente Dilma ostentando uma aprovação recorde:
78% – curiosamente a mesma porcentagem de pessoas que desconfiam da imprensa
tupiniquim...
O mais interessante é que essa pesquisa
foi realizada em meio ao violento bombardeio midiático das últimas semanas, com
denúncias quase que diárias contra o ex-presidente
Lula e o PT. Como disse o Ricardo Kotscho, essas enquetes “revelaram o tamanho do abismo que existe hoje entre o
mundo real dos brasileiros, que vivem melhor do que antes, e o noticiário dos
principais meios de imprensa, que coloca o país permanentemente à beira do
abismo, envolvido em crises sem fim”. Ou seja, a visão de classe de uma
certa classe média reacionária, reverberada à exaustão pela imprensa
conservadora, não é compartilhada pela maioria dos brasileiros.
Mais do que abismo, essas pesquisas confirmaram
que a grande mídia deixou definitivamente de ser formador de opinião no país. Consolidou-se
a tendência verificada a partir das eleições de 2006, em que, apesar do fogo
cerrado da imprensa, Lula e o PT saíram vencedores, à exceção de rincões
conservadores como São Paulo – que, agora, elegeu um prefeito petista.
Isso mostra que estão dadas as
condições para se colocar na ordem do dia a quebra da “propriedade cruzada” –
concentração de propriedade nos meios de comunicação. Não confundir, como fazem
os barões da mídia, com cerceamento à liberdade de expressão. Os editores e
muitos jornalistas da Folha, Estadão, Globo e Veja et caterva devem estar cortando os pulsos.
Mas eles podem dormir sossegados. Um
governo que vem peitando banqueiros, sindicalistas e o Congresso não vai abrir
outra frente com a grande mídia.
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