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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

APESAR DE VOCÊS (ALIÁS, DELES)


Pesquisa divulgada domingo pelo Datafolha mostrou que 28% das pessoas entrevistadas não confiam na imprensa, enquanto que 51% “confiam um pouco” e 22% “confiam muito”. Na pesquisa anterior, esses números estavam invertidos, com 18% de pessoas que desconfiavam, 31% que confiavam muito e 50% que confiavam um pouco. No total, a pesquisa mostrou que hoje 78% dos brasileiros têm um pé atrás com a mídia.
Ao mesmo tempo, o Datafolha revelava que se Lula ou Dilma fossem candidatos hoje, seriam eleitos no primeiro turno com pouca diferença de votos – 56% e 57%, respectivamente. Os arautos da oposição, com Aécio Neves à frente, estariam patinando na intenção de votos. Tudo bem, pesquisa é pesquisa, voto é voto, como demonstraram as eleições de Dilma e Haddad. Mas importa saber que elas revelam uma tendência. Na sexta-feira, outra pesquisa, da CNI/Ibope, mostrou a presidente Dilma ostentando uma aprovação recorde: 78% – curiosamente a mesma porcentagem de pessoas que desconfiam da imprensa tupiniquim...    
O mais interessante é que essa pesquisa foi realizada em meio ao violento bombardeio midiático das últimas semanas, com denúncias quase que diárias contra o ex-presidente Lula e o PT. Como disse o Ricardo Kotscho, essas enquetes “revelaram o tamanho do abismo que existe hoje entre o mundo real dos brasileiros, que vivem melhor do que antes, e o noticiário dos principais meios de imprensa, que coloca o país permanentemente à beira do abismo, envolvido em crises sem fim”. Ou seja, a visão de classe de uma certa classe média reacionária, reverberada à exaustão pela imprensa conservadora, não é compartilhada pela maioria dos brasileiros.
Mais do que abismo, essas pesquisas confirmaram que a grande mídia deixou definitivamente de ser formador de opinião no país. Consolidou-se a tendência verificada a partir das eleições de 2006, em que, apesar do fogo cerrado da imprensa, Lula e o PT saíram vencedores, à exceção de rincões conservadores como São Paulo – que, agora, elegeu um prefeito petista.
Isso mostra que estão dadas as condições para se colocar na ordem do dia a quebra da “propriedade cruzada” – concentração de propriedade nos meios de comunicação. Não confundir, como fazem os barões da mídia, com cerceamento à liberdade de expressão. Os editores e muitos jornalistas da Folha, Estadão, Globo e Veja et caterva devem estar cortando os pulsos.
Mas eles podem dormir sossegados. Um governo que vem peitando banqueiros, sindicalistas e o Congresso não vai abrir outra frente com a grande mídia.     

   

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