Primeiro chanceler social-democrata da Alemanha Ocidental,
Willy Brandt trabalhou como jornalista na Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Expulso
da Alemanha nazista, viveu em Estocolmo até o fim da Segunda Guerra. Eleito
chanceler em 1969, seu governo se caracterizou pela Östpolitik (abertura para os países do bloco soviético), uma
tentativa de relaxar as tensões da guerra fria. O gesto de se ajoelhar no
monumento às vítimas do Levante do Gueto de Varsóvia, massacrado pelos nazistas
em 1943, foi um dos pontos altos dessa política. Brandt foi sem dúvida um dos
grandes estadistas do século XX. Que diferença com seus sucessores...
1970 – Em gesto de reconciliação, chanceler alemão fica
de joelhos na Polônia
Willy Brandt foi criticado internamente, mas ganhou o
Prêmio Nobel da Paz em 1971
Do Opera Mundi
O dia 7 de dezembro de 1970 foi a data em que um gesto
ajudaria a normalizar as relações entre Alemanha Ocidental e Polônia. Na
ocasião, o chanceler alemão, Willy Brandt, caiu de joelhos diante do Memorial
aos Heróis do Gueto de Varsóvia.
Nesta visita, Brandt assinou formalmente o Tratado de Varsóvia. Por esse acordo, a República Federal da Alemanha reconhecia a fronteira germano-polonesa dos rios Oder-Neisse, imposta pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial.
Esse reconhecimento seria confirmado e completado em Moscou em 12 de setembro de 1990 pelo tratado conhecido como 2+4, firmado entre a República Federal da Alemanha, República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha nazista após o fim da Segunda Guerra Mundial: União Soviética, Grã Bretanha, Estados Unidos e França.
Após a assinatura, o chanceler Brandt se dirigiu ao memorial da resistência judaica no Gueto de Varsóvia, a fim de depositar uma coroa de flores. Recolhe-se, inclina a cabeça e, em seguida, para surpresa geral e contra todas as normas protocolares, dobra as pernas e se põe de joelhos. Durante longos minutos, permanece nesta postura de humildade pouco usual aos homens de Estado, cumprindo um ato de contrição em nome do povo alemão.
Esse gesto e, mais genericamente, sua política de abertura para o Leste lhe valeriam um ano mais tarde o Prêmio Nobel da Paz.
Nesta visita, Brandt assinou formalmente o Tratado de Varsóvia. Por esse acordo, a República Federal da Alemanha reconhecia a fronteira germano-polonesa dos rios Oder-Neisse, imposta pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial.
Esse reconhecimento seria confirmado e completado em Moscou em 12 de setembro de 1990 pelo tratado conhecido como 2+4, firmado entre a República Federal da Alemanha, República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha nazista após o fim da Segunda Guerra Mundial: União Soviética, Grã Bretanha, Estados Unidos e França.
Após a assinatura, o chanceler Brandt se dirigiu ao memorial da resistência judaica no Gueto de Varsóvia, a fim de depositar uma coroa de flores. Recolhe-se, inclina a cabeça e, em seguida, para surpresa geral e contra todas as normas protocolares, dobra as pernas e se põe de joelhos. Durante longos minutos, permanece nesta postura de humildade pouco usual aos homens de Estado, cumprindo um ato de contrição em nome do povo alemão.
Esse gesto e, mais genericamente, sua política de abertura para o Leste lhe valeriam um ano mais tarde o Prêmio Nobel da Paz.
Ao se ajoelhar diante do Memorial aos Heróis do Gueto
de Varsóvia, o então chanceler alemão protagonizou um gesto que entraria para a
história como um símbolo da busca alemã pela reconciliação no pós-guerra.
"Sempre me perguntaram o que eu queria com esse gesto, se ele havia sido planejado. Não, ele não foi", escreveu Brandt anos mais tarde em suas memórias.
Os nazistas haviam encurralado meio milhão de judeus no Gueto de Varsóvia. Até que, em abril de 1943, aconteceu o levante, reprimido violentamente pelas tropas de Hitler. Poucos sobreviventes restaram para contar a história.
O cair de joelhos do chefe de governo Brandt, o primeiro chanceler social-democrata do pós-guerra, e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashes fotográficos – repercutiram no mundo como um símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.
Dentro do país, entretanto, Brandt foi até xingado. Grande parte da população considerou a atitude exagerada. Os conservadores chegaram a acusá-lo de traidor e entreguista, de estar entrando no jogo dos soviéticos, que pretendiam açambarcar também o lado ocidental da Alemanha.
Brandt, por seu lado, justificou que seu gesto foi completamente espontâneo, levado pela consternação de não poder expressar em palavras o que sentia no momento.
A coragem e espontaneidade de Willy Brandt naquele 7 de dezembro foram apenas um dos motivos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz do ano seguinte. Um caso de espionagem em seu gabinete causou sua renúncia, em 1974. Na opinião de John Dew, autor de um projeto da peça A Queda de Joelhos em Varsóvia, Brandt tornou-se figura-guia na história do pós-guerra, por ter expressado o desespero, a tristeza e a sensação de impotência das pessoas naquele momento histórico. “Brandt teve visão e esta visão ajudou a superar a Guerra Fria", conclui Dew.
"Sempre me perguntaram o que eu queria com esse gesto, se ele havia sido planejado. Não, ele não foi", escreveu Brandt anos mais tarde em suas memórias.
Os nazistas haviam encurralado meio milhão de judeus no Gueto de Varsóvia. Até que, em abril de 1943, aconteceu o levante, reprimido violentamente pelas tropas de Hitler. Poucos sobreviventes restaram para contar a história.
O cair de joelhos do chefe de governo Brandt, o primeiro chanceler social-democrata do pós-guerra, e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashes fotográficos – repercutiram no mundo como um símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.
Dentro do país, entretanto, Brandt foi até xingado. Grande parte da população considerou a atitude exagerada. Os conservadores chegaram a acusá-lo de traidor e entreguista, de estar entrando no jogo dos soviéticos, que pretendiam açambarcar também o lado ocidental da Alemanha.
Brandt, por seu lado, justificou que seu gesto foi completamente espontâneo, levado pela consternação de não poder expressar em palavras o que sentia no momento.
A coragem e espontaneidade de Willy Brandt naquele 7 de dezembro foram apenas um dos motivos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz do ano seguinte. Um caso de espionagem em seu gabinete causou sua renúncia, em 1974. Na opinião de John Dew, autor de um projeto da peça A Queda de Joelhos em Varsóvia, Brandt tornou-se figura-guia na história do pós-guerra, por ter expressado o desespero, a tristeza e a sensação de impotência das pessoas naquele momento histórico. “Brandt teve visão e esta visão ajudou a superar a Guerra Fria", conclui Dew.
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