O coronel (hoje vereador) Paulo Telhada, do PSDB |
A Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de São Paulo teve o desplante de aprovar a
concessão da Salva de Prata – homenagem da Casa por relevantes serviços prestados
à sociedade – ao Batalhão das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, mais
conhecido como “Rota”. O projeto, de autoria do coronel PM Paulo Telhada (PSDB), ex-comandante
do batalhão, justifica a homenagem, entre outras coisas, pelas “campanhas de
guerra” realizadas pela PM durante a ditadura militar, nas quais a Rota
participou da caçada de guerrilheiros de esquerda. Na justificativa, Telhada
destacou a repressão, em 1970, ao foco guerrilheiro instalado no Vale do
Ribeira, sob o comando do ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.
Seria cômico se não fosse trágico.
Homenagear a Rota – unidade notória por realizar execuções extrajudiciais de
suspeitos – pelo seu papel na repressão política quando o país discute o que aconteceu
com os mortos e desaparecidos é um achincalhe. Não surpreende que o coronel
Telhada tenha feito essa proposta; a PM nunca negou suas origens. O brasão de
armas da corporação é composto por um escudo com 18 estrelas prateadas que
representam “marcos históricos” da PM. Um deles homenageia o golpe de 1964 e a
repressão de manifestações populares. O que me causa espécie é esse projeto ter
sido aprovado na CCJ da Câmara Municipal.
O ex-capitão Carlos Lamarca |
Além disso, a referência à repressão
à guerrilha do Vale do Ribeira é estúpida. As forças de segurança mobilizaram
cerca de dois mil homens, sob o comando do famigerado coronel Erasmo Dias, para
cercar pouco mais de 30 guerrilheiros. Lamarca os fez de bobos, conseguindo
romper o cerco e fugir para São Paulo com mais quatro companheiros. O que esses
fascistas saudosistas da ditadura têm a comemorar neste episódio?
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