Salvador Dalli, A tentação de Santo Antonio |
O exemplo do meu colega me veio à mente agora com a morte de Hugo Chávez Frías. Ele, definitivamente, não é um personagem fácil de ser enquadrado nos clássicos manuais de política, embora tanto seus detratores quanto seus apoiadores insistissem em encerrá-lo em modelitos pré-concebidos – “populista” e fanfarrão, para os primeiros; “bolivariano” e progressista, para os segundos. O buraco é mais embaixo, como veremos.
O tenente-coronel Hugo Chávez em 1992 |
Caracas, símbolo dos contrastes latino-americanos |
O lado autoritario e messiânico.... |
O grande pecado de Chávez, a meu ver, é ele não ter criado uma alternativa para diversificar a economia venezuelana, mudando o modelo rentista. É um modelo que usa as divisas advindas da exportação de petróleo para o consumo e faz com que o país se torne totalmente dependente das importações, bloqueando qualquer possibilidade de industrialização. Trata-se de uma versão da “doença holandesa” que costuma acometer países com recursos naturais abundantes. Seria necessária a criação de um fundo soberano, como fez a Noruega, para investir maciçamente na diversificação da economia. Mas ele não teve visão ou capacidade para tanto.
...e o lado popular e democrático |
O fato de Chávez ter sido fanfarrão, boquirroto e simplista pode irritar as elites bem-nascidas da Venezuela e alhures, como a persona de Lula incomoda os nossos reaças de plantão. Mas não deve turvar nosso raciocínio sobre seu papel histórico e seu legado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário