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quarta-feira, 17 de abril de 2013

O LEVANTE CONTRA A INFÂMIA


Outra efeméride: há 70 anos, guerrilheiros judeus do Gueto de Varsóvia iniciaram uma luta gloriosa, mas sem esperança, contra a barbárie nazista, escrevendo uma das mais belas páginas da resistência à tirania. No início de 1943, dos 380 mil judeus que foram confinados pelos nazistas no Gueto de Varsóvia, 300 mil já tinham sido deportados para o campo de extermínio de Treblinka, a 100 km de Varsóvia. 

Guerrilheiros da ZOB
Era o início da Solução Final, cujo objetivo era eliminar todos os judeus europeus de forma sistemática e industrial. Grupos sionistas, Bund (esquerda judaica antissionista) e militantes comunistas organizaram a Organização Combatente Judaica (das iniciais ZOB em polonês), liderada por Modercai Anielewicz, de apenas 23 anos. O ZOB, porém, não tinha nenhuma ilusão e seu objetivo era simbólico: fazer com que os judeus morressem lutando contra os nazistas, não em campos de extermínio.

Em janeiro de 1943, combatentes mataram 12 soldados alemães que tentavam agrupar moradores do Gueto para deportá-los. Os guerrilheiros também atacaram a polícia judaica, formada por membros da própria comunidade e controlada pelos nazistas. Henrich Himmler, o chefão das SS, ordenou ao general Jürgen Stroop que extinguisse o Gueto de Varsóvia até meados de fevereiro. O Levante propriamente dito começou em 19 de abril, quando unidades da ZOB realizaram uma emboscada e mataram vários soldados alemães. 

Menos de mil resistentes mal armados e mal treinados enfrentaram cerca de três mil soldados alemães muito bem equipados e treinados. Os partisans judeus lutavam em becos, esgotos e em janelas das casas. A repressão foi brutal. Mesmo assim, a resistência durou quase um mês; em 16 de maio de 1943, na noite do Pêssach (páscoa judaica), os últimos rebeldes foram cercados e muitos se suicidaram para não serem levados a Treblinka. Dos 56 mil judeus remanescentes do Gueto, sete mil foram fuzilados e o restante deportado para campos de extermínio.

O Levante do Gueto de Varsóvia mostrou que os oprimidos pela barbárie nazista podiam resistir, mesmo sem a menor esperança de vencer. Um dos panfletos da ZOB da época sintetizava bem o espírito da revolta: “A infâmia de nosso extermínio não se deve reproduzir. Que nenhum país aceite mais a morte de seus filhos. Que cada mãe defenda seus filhos como uma leoa.”

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