Outra
efeméride: há 70 anos, guerrilheiros judeus do Gueto de Varsóvia iniciaram uma luta
gloriosa, mas sem esperança, contra a barbárie nazista, escrevendo uma das mais
belas páginas da resistência à tirania. No início de 1943, dos 380 mil judeus
que foram confinados pelos nazistas no Gueto de Varsóvia, 300 mil já tinham
sido deportados para o campo de extermínio de Treblinka, a 100 km de Varsóvia.
Guerrilheiros da ZOB |
Era o início da Solução
Final, cujo objetivo era eliminar todos os judeus europeus de forma sistemática
e industrial. Grupos sionistas, Bund (esquerda judaica antissionista) e
militantes comunistas organizaram a Organização Combatente Judaica (das
iniciais ZOB em polonês), liderada por Modercai Anielewicz, de apenas 23 anos. O ZOB, porém, não
tinha nenhuma ilusão e seu objetivo era simbólico: fazer com que os judeus
morressem lutando contra os nazistas, não em campos de extermínio.
Em
janeiro de 1943, combatentes mataram 12 soldados alemães que tentavam agrupar moradores
do Gueto para deportá-los. Os guerrilheiros também atacaram a polícia judaica,
formada por membros da própria comunidade e controlada pelos nazistas. Henrich
Himmler, o chefão das SS, ordenou ao general Jürgen Stroop que extinguisse o
Gueto de Varsóvia até meados de fevereiro. O Levante propriamente dito começou em
19 de abril, quando unidades da ZOB realizaram uma emboscada e mataram vários
soldados alemães.
Menos de mil resistentes mal armados e mal treinados
enfrentaram cerca de três mil soldados alemães muito bem equipados e treinados.
Os partisans judeus lutavam em becos,
esgotos e em janelas das casas. A repressão foi brutal. Mesmo assim, a resistência
durou quase um mês; em 16
de maio de 19 43, na noite do Pêssach
(páscoa judaica), os últimos rebeldes foram cercados e muitos se suicidaram
para não serem levados a Treblinka. Dos 56 mil judeus remanescentes do Gueto, sete
mil foram fuzilados e o restante deportado para campos de extermínio.
O
Levante do Gueto de Varsóvia mostrou que os oprimidos pela barbárie nazista
podiam resistir, mesmo sem a menor esperança de vencer. Um dos panfletos da ZOB da época sintetizava
bem o espírito da revolta: “A infâmia de nosso extermínio não se deve
reproduzir. Que nenhum país aceite mais a morte de seus filhos. Que cada mãe
defenda seus filhos como uma leoa.”
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